Temporada de Projetos na Temporada de Projetos » encontro http://projetosnatemporada.org/blog blog do projeto "Temporada de Projetos na Temporada de Projetos" Fri, 17 Apr 2015 18:23:22 +0000 pt-BR hourly 1 Encontro com Paula Alzugaray http://projetosnatemporada.org/blog/2009/08/28/encontro-com-paula-alzugaray-2/ http://projetosnatemporada.org/blog/2009/08/28/encontro-com-paula-alzugaray-2/#comments Fri, 28 Aug 2009 23:43:55 +0000 Luiza e Roberto http://projetosnatemporada.org/blog/?p=820 conversado com a Paula Alzugaray no começo do ano sobre a participação dela no ciclo de workshops da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos, mas faltava definir como ela será. Por isso hoje, mais próximo a data da abertura da exposição, nos encontramos no Centro Cultural São Paulo, onde a Paula falou da sua idéia de desenvolver uma conversa sobre as correspondências/diferenças entre as noções de “projeto” e “processo”. Assim, a oficina seria mais uma conversa do que uma proposta prática (como ela já tinha comentado conosco, por ela ter sido do juri do último edital do Paço das Artes, não gostaria de realizar uma oficina de “análise de projeto e portfólio” em que ela teria que responder como júri aos participantes).
Foto de uma das salas do Salon Light na Galeria Vermelho, na mesa da direita ainda estava o livro 72 (clique na imagem para vê-la no Flickr).

Foto de uma das salas do Salon Light na Galeria Vermelho, na mesa da direita ainda estava o livro "72" (clique na imagem para vê-la no Flickr e saber onde).

Para realizar uma atividade mais teórica, a Paula pesquisaria sobre um assunto que interessa à ela (ela vem desenvolvendo pesquisa sobre o documental e práticas de arquivo na arte), mas afirmou que ainda tem pouca referência bibliográfica sobre “projeto” (nesse mesmo encontro, nós levamos para ela alguns textos que podem ajudar, entre eles o “The Loneliness of the Project“, de Boris Groys, e um livro chamado “72 (projets pour ne plus y penser)“, que adquirimos na feira de publicações de artista “Salon Light“, organizada pelo CNEAI e pela Galeria Vermelho. Já ela nos trouxe como referência um livro da pesquisadora Cecília Salles. Paula nos mostrou uma pequena descrição do que seria o foco desse workshop: “pensar o que estrutura um projeto e não como se julga um projeto”. E colocou como pauta duas questões: “o processo como obra ” e “o projeto como obra”. Achamos a idéia da Paula bastante interessante, e dissemos que não é essencial que exista uma parte prática no workshop, porém que poderíamos manter o foco em artistas como público participante, pois eles poderiam contribuir para a reflexão de processo e projeto pensando como cada um lida com a sua produção. Colocada essa observação, a Paula sugeriu então um workshop com duas partes, a primeira mais expositiva, em que ela falaria sobre a sua pesquisa, e a segunda em que os artistas mostrassem projetos para uma conversa sobre as suas práticas artísticas dentro do assunto exposto. Pensamos que 10 participantes seria um número ideal, e que para a inscrição o interessado deverá descrever brevemente o interesse no workshop. Terminadas as incrições, conversamos que seria melhor ela receber os projetos dos participantes antes do encontro, para um melhor aproveitamento na hora do encontro; e também receber os seus endereços de email, para poder estabelecer contato com eles (para, por exemplo, encaminhar uma bibliografia sobre os assuntos a serem abordados). A data da oficina será 22 de Outubro, quinta-feira, das 14 às 17hrs. Em breve disponibilizaremos mais informações para as inscrições.]]>
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Encontro com Luisa Duarte http://projetosnatemporada.org/blog/2009/08/17/encontro-com-luisa-duarte/ http://projetosnatemporada.org/blog/2009/08/17/encontro-com-luisa-duarte/#comments Mon, 17 Aug 2009 23:11:29 +0000 Luiza e Roberto http://projetosnatemporada.org/blog/?p=740 Nos encontramos hoje com Luisa Duarte para definirmos melhor como será a participação dela na Temporada de Projetos na Temporada de Projeots. Ela é uma das convidadas a ministrar um workshop dentro do ciclo de workshops que lidam com análise e elaboração de projetos.

Contamos um pouco como será a exposição e também a natureza do nosso convite. Em especial, comentamos sobre uma espécie de dificuldade que tem nos surpreendido que é a reação à liberdade que oferecemos aos convidados para ministrar palestras e workshops. Temos deixado claro para todos os convidados a liberdade para desenvolverem as atividades da maneira que mais lhes convenha (ou seja, que tenha mais ressonância com seus interesses, suas pesquisas, seus modos de atuar, etc), temos em alguma medida até incentivando experimentações dentro dos formatos mais convencionais (de palestras e workshops). Imaginávamos que essa liberdade aumentaria o interesse no convidado em desenvolver a atividade, no entanto, a reação surpreendente é que ela acaba gerando uma reação reticente, de afastamento ou desconforto. Não temos como saber exatamente os motivos que levam a essa reação, e uma elaboração maior mereceriam um outro post, mas talvez podem passar por: o fato dessa liberdade pressupor um envolvimento e responsabilidades maiores, uma sensação dos convidados de falta de definição de qual é exatamente o nosso convite, medo de experimentar outros formatos (principalmente por eles poderem não funcionar), desinteresse em envolver-se, etc.

Ao contrário dessa reação, Luisa Duarte foi muito prática e já sugeriu, pelo menos em esboço, como lhe interessaria fazer o workshop. Já tendo participado de situações semelhantes de análise de projetos, ela comentou sobre a dificuldade de estabelecer parâmetros para falar sobre os projetos nessas situações. Além disso, apontou a situação comum na qual quem ministra o workshop se depara pela primeira vez com o projeto minutos antes de que já se espere dele uma reação crítica e analítica muito mais profunda do que é possível fazer nesse tempo tão curto. Isso acaba gerando frustração tanto em quem ministra o workshop quanto em quem participa, pois a expectativa de um determinado retorno nem sempre é correspondida.

Para lidar com essas dificuldades, ela sugeriu que o workshop contasse com artistas convidados por ela para apresentarem projetos (ou mesmo que ela apresentasse projetos deles). O primeiro benefício seria, levando em consideração que ela convidaria artistas/projetos com os quais tem mais familiaridade e vem acompanhando a trajetória, que o tempo curto de reação a uma proposta seria minimizado. Além disso, a apresentação destes projetos facilitaria o estabelecimento de parâmetros a partir do qual seria possível discutir com os projetos dos outros participantes do workshop.

Ela também deu importância que as atividades que estamos propondo sejam documentadas, e no caso dos workshops a melhor maneira de registrá-los seria por meio de um relato, já que um registro em vídeo ou áudio de um evento como esse (mais informal do que uma palestra) pode torná-lo inacessível a quem não estava presente.

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Encontro com Fernando Oliva http://projetosnatemporada.org/blog/2009/07/22/encontro-com-fernando-oliva/ http://projetosnatemporada.org/blog/2009/07/22/encontro-com-fernando-oliva/#comments Wed, 22 Jul 2009 23:27:07 +0000 Luiza e Roberto http://projetosnatemporada.org/blog/?p=745 Centro Cultural São Paulo para conversar com um dos convidados para ministrar uma das oficina de elaboração de projetos, Fernando Oliva. Já havíamos conversado rapidamente antes sobre algumas possibilidades de formatos para a oficina, mas Oliva achou melhor pensar mais calmamente para poder definir como gostaria de fazer a sua (vale lembrar que Oliva trabalhava no Paço até o início deste ano). Por isso, dessa vez quisemos esclarecer e definir alguns pontos. Qual o tipo de atividade que seria realizada? Apesar de ser uma oficina voltada para a elaboração de projetos, existem muitas possibilidades de abordagem, tanto práticas quanto teóricas: análise de projetos prontos, desenvolvimentos de projetos específicos, exploração e discussão de estratégias de apresentação, etc. A partir de uma experiência recente no Centro Cultural da Espanha, sugerimos ao Oliva a realização de uma oficina bastante prática, com o objetivo claro de que cada participante elabore um projeto. Como ela se desenvolverá? Segundo Oliva, o tempo que reservamos para a oficina (que ocorreria em apenas um encontro de aproximadamente três horas) é insuficiente para que um trabalho desse tipo seja realizado. Ele sugeriu então que acontecesse um encontro inicial com os participantes no qual seria iniciada a atividade a ser desenvolvida para a oficina e também indicada bibliografia (a possibilidade desse encontro ocorrer no Paço das Artes em Setembro, um mês antes da abertura da exposição, já foi avaliada e deferida). A partir desse encontro ocorreria um acompanhamento (via internet, por email) que culminaria em um encontro presencial (já após o início da exposição, na data inicialmente reservada para a oficina) no qual os projetos seriam apresentados e discutidos coletivamente. Qual o destino do projeto? Também a partir da experiência no Centro Cultural Espanha, levantamos que é muito mais interessante (e fácil) elaborar um projeto para um destino específico (seja ele um edital, um espaço, situação, etc) do que um projeto ‘hipotético’, que não tenha um fim claro. Depois de considerarmos possíveis implicações, nos pareceu que o próprio “Edital Temporada de Projetos” do Paço poderia ser o destino, já que é a atividade ocorre ali dentro e seu resultado seria de interesse para a instituição. Qual o ‘público-alvo’ da oficina? Artistas. Já que se trata de uma oficina de elaboração de projetos, existiria a possibilidade de abrir a chamada para curadores também, mas achamos mais produtivo manter um foco mais estreito e trabalhar somente em projetos de artistas. Como fazer a seleção dos participantes? Desde o primeiro momento consideramos um número bastante reduzido de participantes, para que a oficina seja mais bem sucedida. O procedimento ideal seria então divulgá-la abertamente assim que possível para que possamos receber (via formulário na internet) cartas de intenção, a partir das quais Oliva, com nossa ajuda, selecionará os participantes. Em breve disponibilizaremos mais informações sobre a oficina.]]> http://projetosnatemporada.org/blog/2009/07/22/encontro-com-fernando-oliva/feed/ 11 Encontro com Cauê Alves http://projetosnatemporada.org/blog/2009/05/22/encontro-com-caue-alves/ http://projetosnatemporada.org/blog/2009/05/22/encontro-com-caue-alves/#comments Fri, 22 May 2009 20:22:17 +0000 Luiza e Roberto http://projetosnatemporada.org/blog/?p=579 Temporada de Projetos na Temporada de Projetos. Além fazer parte da equipe de jovens críticos da Temporada de Projetos 2009 (acompanha o artista Maurício Ianês), o Cauê Alves foi também júri de inúmeras seleções em editais e salões de arte (inclusive no Paço das Artes, onde também participou de pré-seleções). Ele entendeu muito rapidamente nossas intenções com a exposição, que não é uma exposição sobre “salão dos recusados”, “inclusão de todos”, ou “crítica institucional”, o que segundo ele já foi feito muito por artistas principalmente nos anos 70, e sim sobre projetos artísticos e reflexões sobre o que é curadoria e processo de seleção. Inclusive, quando sugerimos que por meio da exposição o público, tendo uma maior variedade de  ’opções’, poderia fazer sua própria curadoria ao selecionar o que quer ver, o Cauê Alves contestou: “Curar é diferente de selecionar. Você não pode ir até o supermercado, escolher alguns produtos e dizer que você está fazendo uma curadoria!”, apontando para uma banalização crescente do conceito de curadoria, “toda curadoria envolve seleção, mas nem toda seleção envolve curadoria”, já que uma curadoria envolve ainda conhecimento, pesquisa, proposta, projeto, acompanhamento… Ele comentou como funcionavam as JACs (Jovem Arte Contemporânea), levadas a cabo por Walter Zanini nos anos 70 no MAC (Museu de Arte Contemporânea), para as quais não havia critério de seleção, os inscritos eram selecionados por sorteio. Segundo Cauê Alves, Zanini dizia que não havia critérios de seleção suficientes para dar conta das inscrições, ou seja, seria impossível escolher entre os inscritos e o sorteio era a única forma possível de fazê-lo. Ele mencionou um trabalho de Genilson Soares no qual ele selecionava todos os inscritos para o sorteio. De qualquer modo, durante a nossa conversa ficou claro que o nosso interesse não são as “utopias de inclusão” (como colocou Alves), e sim um uma reflexão sobre mecanismos de produção e também de curadoria. Ele se interessou bastante pelos formatos que estamos propondo que, segundo ele, se assemelhariam a uma espécie de ‘grande congresso’ sobre arte. Mais especificamente em relação aos workshops, ele fez uma colocação muito instigante que foi a possibilidade de aceitar também projetos de curadoria nos workshops de projetos, algo que não nos tinha ocorrido antes.
" Você não pode ir até o supermercado, escolher alguns produtos e dizer que você está fazendo uma curadoria!"

"Você não pode ir até o supermercado, escolher alguns produtos e dizer que você está fazendo uma curadoria!"

Ele também nos alertou para o “método” de inscrição nos workshops, afirmando que quando a atividade oferecida é gratuita, muita gente se inscreve mas não comparece no dia, e assim, seria interessante elaborar estratégias para garantir o comprometimento de quem se inscrever, e sugeriu a criação de uma lista de espera e talvez um período curto para as inscrições; mesmo que ele tenha compartilhado uma dúvida se realmente um workshop de curadoria atrairia muito interesse, que nós dissemos acreditar que sim por acreditarmos (e conhecermos) jovens curadores que se interessariam. Atônito, ele exclamou que ele era um “jovem curador”! Pensamos com o Cauê Alves um workshop de duração de dois dias, e 3 horas cada dia, em que os participantes terão a possibilidade de entrar em contato e compreender algumas das características da realização de uma curadoria na condição de jurado de projetos. As experiências anteriores dele em seleção proveriam o conhecimento prático para analisar os projetos, até mesmo de um ponto de vista mais “institucional”, já que, segundo ele, existe um equilíbrio entre uma descrição muito genérica e uma muito específica de um projeto, um certo “nível de projetualidade”; o primeiro caracterizando um pedido de “carta branca” para a atuação do artista e o segundo uma apresentação que não configura de fato um projeto, mas sim algo já muito mais determinado do que o que se esperaria de um. Uma possibilidade discutida para o formato é que os participantes sejam colocados na posição de júri, visando a reflexão e a prática da atividade julgadora e curatorial pela vivência desse processo, utilizando os projetos da exposição como material bruto, e de origem real, a ser trabalhado. Uma dinâmica possível, que ele próprio já vivenciou, é dividir os projetos entre os participantes para que eles os analisem separadamente e depois façam pequenas apresentações sobre o que leram, algo comum em seleções por júris coletivos. Essa dinâmica poderia ser precedida por uma prática coletiva na qual seria feito uma espécie de “estudo de caso”, com um projeto-modelo, permitindo assim uma maior clareza e autonomia num segundo momento no qual os outros projetos todos são analisados individualmente pelos participantes. Uma outra coisa que contamos para o Cauê Alves foi sobre a nossa tentativa de realizar no subsolo do Paço das Artes um encontro com os artistas inscritos no Edital do Paço das Artes, e portanto convidados a exporem seus projetos, para esclarecer aos interessados detalhes da proposta da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos.  Pedido no começo do ano, esse encontro não foi autorizado pela equipe de produção do Paço das Artes e não foi realizado.]]>
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Encontro com Ricardo Basbaum http://projetosnatemporada.org/blog/2009/05/13/encontro-com-ricardo-basbaum/ http://projetosnatemporada.org/blog/2009/05/13/encontro-com-ricardo-basbaum/#comments Wed, 13 May 2009 03:26:37 +0000 Luiza e Roberto http://projetosnatemporada.org/blog/?p=548 Formato ‘palestra’ Começamos, como sempre fazemos, explicando o projeto, suas origens e objetivos. Como estavamos fazendo um convite ao Basbaum para que participasse da plataforma que chamamos de “palestras”, tentamos explicar que usamos esse nome apenas por falta de um nome melhor. Isso pois nos interessa pensar o formato desse tipo de comunicação, o que significa que pedimos aos convidados que reflitam sobre ele também e tragam propostas de como abordá-lo que se adequem o quanto melhor aos seus próprios perfis. Qualquer que seja a escolha de formato, a única coisa que deixamos claro que não teremos são ‘leituras de textos’ realizadas pelos palestrantes, o que costuma acontecer muito em seminários e simpósios. Estamos pedindo aos convidados que escrevam textos, mas para que sejam publicados no site antes que o encontro aconteça, com o intuito de que o encontro já possa partir do texto e começar com a discussão que costuma acontecer após a leitura. Outro padrão que gostaríamos de evitar é o da organização palco-platéia, no qual a quem fala lhe é instituído o ‘direito de falar’ por meio de uma hierarquia definida pelas condições físicas (palco, stand, etc.) ou a posse de um determinado equipamento (o microfone, a câmera, etc.). Basbaum se mostrou muito interessado nessa abertura e contou sobre suas experiências anteriores em explorações de formatos, para os quais Vito Acconci e John Cage foram referências. Numa, em um evento em Belo Horizonte, ele realizou uma apresentação na qual praticava alternadamente duas falas diferentes, sendo uma em uma mesa em um tom e outra, numa mesa ao lado, em outro tom; numa ele comentava informalmente alguns trabalhos seus e em outra lia alguns de seus textos. Ele também se interessou em explorar configurações espaciais, com demarcações no chão ou mesmo por meio da organização das cadeiras. De qualquer forma, lhe interessaria que essas demarcações não inibissem a fala dos outros, não fossem mirabolantes, pelo contrário, lhe interessa criar uma proximidade e informalidade do contato. Outras possibilidades levantadas foram a de ter textos enunciados por outras vozes e também utilizar recursos de sonorização como tipos diferentes de microfone, terminar com o texto ao invés de começar com ele, ou mesmo determinar uma organização espacial com a presença de mais de um microfone. De qualquer forma Basbaum se mostrou bastante interessado pela possibilidade de mostrar algo num evento cujo formato é maleável, para o qual o convite de participar vai além de um interesse no texto do participante ao considerar também o modo da fala. Artista-etc. Conversamos um pouco também sobre o conceito de artista-etc. Basbaum nos esclareceu que essa idéia não pretende sugerir que o artista possa ser um “multi-profissional”, ou seja alguém que transita por várias práticas de forma desligada. Pelo contrário, para ele o artista-etc é uma estratégia adotada pelo artista, que, na condição de artista, assume outros papéis e demarca dentro deles qual é o lugar do artista (que não se limita ao ateliê, por exemplo). De uma maneira mais genérica, isso é dizer que ser artista é suficiente para poder desempenhar qualquer outro papel, pois o artista tem flexibilidade para atuar no processo que quiser, já que seu lugar dá conta de todos eles. Segundo Basbaum há cinco textos seus que dão corpo ao conceito de artista-etc e formam um conjuto de pensamento sobre o assunto: 1 – Seminário na 27ª Bienal de São Paulo, sobre o artista belga Marcel Broothaers. 2 – “Artista como curador”, texto publicado no catálogo do Panorama do MAM de 2001. 3 – “E agora?”, texto publicado na revista Arte & Ensaio, n. 9, de 2002, que fala sobre a revista Item e o espaço Agora. 4 – Um depoimento seu em um evento no CEIA em Belo Horizonte, disponível aqui. 5 – Texto da “The Next Documenta Should be Curated by an Artist“. NBP Quando falamos sobre o NBP, Basbaum deixou claro que se trata de um projeto. Como a idéia se expressa, de um modo ou de outro, há mais de 20 anos em vários de seus trabalhos, o todo forma um grande processo no qual um trabalho se alimenta no anterior e cresce na medida em que novas explorações são realizadas. Além de ser um grande projeto é também um projeto que não tem fim. Comentamos que isso gera, para o público, uma carência de informação (o conhecimento de todo esse processo). Basbaum replicou dizendo que não acredita que seja ele que tenha que prover essa informação, já que esse tipo de lacuna é estrutural, não está só no trabalho dele e também faria (e faz) com que uma determinada produção não possa caminhar, o que significa que se for internalizada obriga a produção a estar sempre na estaca zero, e por isso mesmo tem que ser superada (para que a produção se desenvolva). Sobre a sua exposição na galeria Luciana Brito, Basbaum contou que seu trabalho sempre foi muito independente das galerias, mas que isso nunca foi uma escolha ou posicionamento ideológico seu, aconteceu simplesmente pois não existia interesse em seu trabalho por parte dos galeristas e ele não se sentia na obrigação de formatar sua produção para que eles se interessassem, já que conseguia a relação com as pessoas que se bastavam (em projetos como “eu-você”). Sua maneira de trabalhar já se configurava distante do mercado desde a década de 80, quando ele fazia um trabalho que diferia muito do mainstream da época (i.e. a pintura, que ainda é considerada por muitos como a única produção de então) e quando, segundo ele, o mercado era muito agressivo e tacanho.
Joaquin Torres García - América invertida

Joaquin Torres García - "América invertida"

Imagem para o SITAC 2009, criado por Ricardo Basbaum

Imagem para o SITAC 2009, criado por Ricardo Basbaum

Nesse ponto, ele mencionou sobre a sua relação com os profissionais de outros países, fora do Brasil, com os quais, por motivos que ele disse desconhecer, já conseguiu desenvolver vários projetos. Basbaum mencionou o simpósio SITAC 2009, “South, south, south, south”, para o qual Cuauhtemoc Medina o convidou para criar um diagrama para ser um emblema do evento. O diagrama tomaria como referência o mapa de Torres García e representaria o pensamento do evento. Segundo Basbaum até o próprio Medina se espantou quando soube que era a primeira vez que ele era convidado para uma contribuição desse tipo, algo que Basbaum tentou explicar dizendo que os olhares de fora são mais generosos e possibilitam outras oportunidades, sem a tendência de cristalizar uma determinada posição para que os profissionais ocupem, como ocorre na origem onde se assume uma prática (o lugar onde se vive). Basbaum também comentou sobre as diferenças no tempo de retorno para os trabalhos. Segundo ele há no Brasil uma latência muito grande, uma demora entre o momento em que uma obra é realizada (apresentada) e o momento em que ela gera alguma resposta, recebe um retorno. Essa latência não existe na Europa ou nos EUA, o que torna o trabalho no Brasil muito cruel em relação ao que é realizado lá onde o tempo é diferente e as coisas se realizam de modo mais direto. No Brasil é necessário aprender a ser artista e trabalhar num nível muito alto de abstração, lidar sempre com a possibilidade de frustração e evitar ao máximo criar um rancor em relação a tudo o que se espera (das obras, dos pares, do meio, etc.) e ter consciência que as estruturas existentes não dão conta de absorver (ou demandar) a produção, não é suficiente atuar somente no mercado, na galeria. Esse modo de trabalhar muitas vezes não é compreendido por quem vive e atua no eixo EUA-Europa. Economia de projetos Mesmo com as experiências no Brasil e no exterior, Basbaum comentou que existe, de um modo geral, uma economia de projetos que alimenta o circuito hoje, como uma espécie de mais-valia imaterial por meio da qual as instituições se alimentam da promessa de que os artistas trabalham de graça. Ele chamou a atenção para que comparemos a economia da arte contemporânea com a do cinema ou a da música popular, vendo que a da arte é muito estranha e arcaica, sendo muito complicada de lidar ou mesmo intervir. Ele comentou três casos pessoais específicos: o da Documenta de Kassel, o da sua relação com a galeria e o de sua participação em um evento de palestras dentro de uma instituição que funciona com dinheiro da iniciativa privada (uma grande empresa). No primeiro caso, o da Documenta, o espantoso é que não há cachê para os artistas participantes. O que acontece é que a cidade ganha com o turismo, o comércio ganha com o aumento das vendas e assim por diante. Mas às pessoas que impulsionam tudo aquilo se dá só a subsistência (passagens de avião, hospedagem). No segundo caso, só se ganha quando há venda. Mesmo assim existe toda uma economia que gira em torno da produção e apresentação da obra e para a qual não há acesso do artista se a venda não se efetivar. Os montadores ganham, os administradores da galeria ganham, secretários e secretárias ganham, quem aplica o vinil na parede ganha, até os garçons que servem bebidas na vernissage e os fotógrafos ganham. Mas o artista vive na promessa da venda, trabalha de graça e sem nenhuma remuneração pelo trabalho já feito. Finalmente, no último caso, há uma pequena remuneração, mas acontece que a contrapartida para quem investe é imediata e muito poderosa, um ganho em imagem (propaganda). Segundo ele, havia muitas pessoas no evento, que era gratuito para o público, além de toda a divulgação na imprensa e qualquer futura referência que se faça a ele, já que todo o material ligado a ele (distribuido gratuitamente) carregará a marca do patrocinador. Basbaum comentou que até pensou em contratar um economista para calcular qual o ganho de imagem que um investidor ganha em um evento desses e quanto de lucro uma ação como essa representa em relação a um outro tipo de investimento em imagem (numa ação como a publicidade tradicional, por exemplo). Para concluir este post, aqui está um texto ilustrativo que a artista Lenora de Barros nos enviou (não sabemos a origem exata, mas pode ser encontrado aqui):

“De qué viven los artistas?

Toda exposición de carácter institucional se organiza en torno a la obra realizada por un artista. En su organización participa toda una serie de personas necesarias para llevarla a cabo: transportistas, montadores, seguridad… pero:

¿Cobra el transportista? SÍ ¿Cobra el montador? SÍ ¿Cobra el vigilante? SÍ ¿Cobra el artista? NO

El trabajo de los artistas no se remunera porque se considera que su participación en la exposición contribuirá notablemente a su promoción, pero también se promocionan los comisarios, diseñadores y sobre todo la propia institución. Pero:

¿Cobra el comisario? SÍ ¿Cobra el diseñador? SÍ ¿Cobra el funcionario? SÍ ¿Cobra el artista? NO

Un artista, mediante su participación en una exposición institucional, contribuye con su trabajo a construir políticas culturales, igual que el catedrático contribuye a crear políticas educativas, el médico de la Seguridad Social sanitarias o el inspector de hacienda económicas, pero:

¿Cobra el catedrático? SÍ ¿Cobra el médico? SÍ ¿Cobra el inspector? SÍ ¿Cobra el artista? NO

Luego entonces… ¿De qué viven los artistas?”

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Encontro com Fórum Permanente http://projetosnatemporada.org/blog/2009/05/06/encontro-com-forum-permanente/ http://projetosnatemporada.org/blog/2009/05/06/encontro-com-forum-permanente/#comments Wed, 06 May 2009 20:59:26 +0000 Luiza e Roberto http://projetosnatemporada.org/blog/?p=522 primeira reunião que tivemos no Paço das Artes, a equipe de produção nos sugeriu entrar em contato com o Fórum Permanente para uma possível parceria na divulgação do evento, afirmando algumas similaridades do nosso projeto com as atividades do Fórum. Após um contato via e-mail com a equipe do Fórum, Martin Grossmann, Ana Letícia Fialho, e Graziela Kunsch, marcamos um encontro no Centro Cultural São Paulo para pensarmos como essa parceria poderia acontecer. No encontro, bastante breve devido à atrasos e problemas no CCSP, falamos sobre o andamento do projeto, e sobre como planejamos os workshops, as palestras, e o site como parte da curadoria. Comentamos o módulo de palestra “Curadores, artistas, etc” em que pensamos os limites entre a atividade curatorial e a prática artística, colocando a própria Temporada de Projetos na Temporada de Projetos em questão. O Martin Grossmann falou sobre a seção “Rede” do site do Fórum Permanente que contém projetos cujas propostas se assemelham às atividades do Fórum. Entre eles está a curadoria OIDAIRADIO, selecionada na última Temporada de Projetos do Paço das Artes. O Martin sugeriu que a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos também criasse um espaço na “Rede”. Além disso, a equipe do Fórum nos perguntou sobre os relatores dos encontros que planejamos ao longo da exposição. O Fórum costuma a publicar relatos reflexivos de palestras e debates, o que enriquece o seu arquivo. Explicamos que, por enquanto, nós estamos dando conta dos relatos para este blog, porém, como o número de encontros que irão acontecer nos meses de outubro e novembro são muitos, seria importante contar com outros relatores, e isso o Fórum Permanente poderia organizar e divulgar (porém não custear). Em outra ocasião, nos perguntaram como estava o processo da vinda do Boris Groys para o Brasil e que o fórum tem um registro em vídeo da palestra do groys quando ele veio a primeira vez ao país, em 2006, para participar de um ciclo de debates denominado “Práticas Artísticas Experimentais em Museus?“ na exposição ” Lygia Clark: Do Objeto ao Acontecimento; Somos o molde, a você cabe o sopro”, realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Foi bastante surpreendente descobrir, após o acesso ao vídeo, que a palestra que ele deu na ocasião da exposição sobre a Lygia Clark era justamente o texto “The Loneliness of the project” que ele nos enviou em janeiro de 2009 — ainda mais pelo fato de já termos procurado exaustivamente referências sobre ele na internet e este vídeo nunca ter aparecido.]]> http://projetosnatemporada.org/blog/2009/05/06/encontro-com-forum-permanente/feed/ 0 Encontro com Cayo Honorato http://projetosnatemporada.org/blog/2009/03/26/encontro-com-cayo-honorato/ http://projetosnatemporada.org/blog/2009/03/26/encontro-com-cayo-honorato/#comments Thu, 26 Mar 2009 20:25:54 +0000 Luiza e Roberto http://projetosnatemporada.org/blog/?p=308 1. a de que o projeto possa efetuar, se já não o faz conceitualmente, uma redistribuição de poderes em relação a um comum, nos termos do Rancière [Jacques Rancière, filósofo francês], entre selecionados e não-selecionados, curadores e artistas, etc. 2. a de que ele possa articular de algum modo a condição conceitual e a processual das práticas artísticas contemporâneas, na discussão entre projeto e resultado, sobretudo, levando-se em conta a lógica dominante do formato projeto, a informar um tipo particular de produção, talvez em detrimento de outros. O Cayo achou a nossa proposta bastante relevante e quis saber como ela surgiu. Falamos da ausência de retorno que tínhamos sobre os projetos que elaboramos bem como de uma frustração de quando eles são selecionados. Além disso, explicamos o porquê de termos optado por um projeto de curadoria, apesar de sempre existir uma dúvida de uma “categoria” das coisas que fazemos. O Cayo fez um comentário pertinente a esse respeito, afirmando que são práticas que ainda não têm um lugar específico, e que surgem mas não cabem nesses modelos. O Cayo mesmo lembrou de uma afirmação feita pelo Boris Groys no livro “Art Power“: o novo aparece no mesmo.
Capa do livro Art Power de Boris Groys

Capa do livro "Art Power", de Boris Groys

Falamos também sobre alguns desdobramentos e reações dos artistas e curadores convidados para participar. Sobre as circunstâncias atuais do “pensamento projetual” em geral, o Cayo se referiu a uma “neurose” que se expressa num frequente desacordo entre intenção e realização, vontade e ato, sentimento e acontecimento. Sobre isso, lembramos da conversa que tivemos com o Groys e de uma noção de dissincronia, entre projeto e realização, na qual ele se refere num texto que nos enviou ainda não publicado. Segundo a fala do Cayo, “pro-jetar significa ‘lançar adiante’, o que implica uma decisão inicial e uma indeterminação final”, porém “por vezes nos esquecemos disso, acreditando que o sentido está no fim.” E apontou que “disso decorrem tantos perigos objetivos, mas para ficarmos com uma dimensão apenas do equívoco: segundo Hannah Arendt, ‘nem a liberdade nem qualquer outro significado podem ser jamais o produto de uma atividade humana no sentido de que a mesa é, evidentemente, o produto final da atividade do carpinteiro’ (in: entre o passado e o futuro, p. 113). Enfim, é nesse intervalo deslizante que se move a consecução de um projeto – o que levanta questões políticas e históricas, além de estéticas.” Durante a conversa, outra questão foi debatida a partir da provocação do Cayo: “o modelo de editais e seleção de projetos muda a arte?”. Como essa lógica determina um tipo de arte, privilegiando um tipo de produção? Acreditamos que a pergunta do Cayo é válida e não tem ainda uma resposta satisfatória, mas que pode ser explorarada desde já e também nos encontros que planejamos para a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos. De fato existem tipos de produção que se adequam ao formato de projeto facilmente, como os trabalhos de fotografia em que o que geralmente varia entre projeto e obra é o tamanho das fotos. Ou seja, o trabalho pode ser visto claramente no projeto. Comentamos também a exigência dos editais por um formato específico de projeto que de certo modo pode definir algumas características do trabalho. Por exemplo, muitos editais pedem a classificação da obra (pintura, escultura, gravura, fotografia, novas mídias, etc.) ou um dado número de fotos de trabalhos diferentes, coisas que nem sempre todo artista tem claro ou que todo trabalho pode ser adequado. Além disso, os formatos nos quais os projetos são aceitos raramente se estendem para além do texto impresso, sendo que, não poucas vezes, há até limitações no tamanho e tipo do papel a ser usado! Lembramos que falta uma noção mais clara do que é um projeto, qual deve ser o seu escopo, seu objetivo como projeto. Particularmente consideramos que o projeto pode ser encarado como uma proposta inicial, que não necessariamente indica o que vai ser ser feito passo-a-passo. Muitas vezes existe muito tempo entre o momento da elaboração do projeto e a realização dele; ou seja, há muito tempo para que as coisas mudem (bastante). Mas acreditamos que isso não passa de uma consideração particular e que certamente pode ser abordada de muitas outras formas, não só por artistas ou curadores, mas, mais importante, por membros de júris que analisam projetos; que podem, por exemplo, esperar que o projeto seja uma descrição absolutamente fiel do que vai ser realizado quando aprovado (como é esperado em diversas outras áreas de produção humana que envolvem prestação de serviços para um cliente, como, por exemplo, costuma ocorrer na arquitetura). Por fim, em decorrência de uma pensamento que surgiu após o encontro com Milton Sogabe, discutimos a idéia do “novo”, do ineditismo, ou da originalidade, que são, mais do que qualidades, critérios cobrados por esse modelo. Assim, por esse modelo, a arte estaria então atrelada à idéia do novo. As instituições, para sua promoção, querem algo novo bem como também esperam um determinado tipo de produção. E chegamos a um mar sem fim sobre essa idéia. Lembramos do trabalho da Sturtevant, no qual o “novo” está na cópia do “velho”, ou seja, um novo que não é novo; o Cayo lembrou da Sherrie Levine e o seu “After Waker Evans“. Ambas são um exemplo de que o novo aparece no mesmo… Indiferentemente de como o novo surge, parece que ele é mesmo um critério para que haja interesse sobre um trabalho, o que faz da originalidade uma característica que permanece na arte.]]>
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Encontro com o Núcleo Educativo do Paço http://projetosnatemporada.org/blog/2009/03/25/298/ http://projetosnatemporada.org/blog/2009/03/25/298/#comments Wed, 25 Mar 2009 16:00:28 +0000 Luiza e Roberto http://projetosnatemporada.org/blog/?p=298 Temporada de Projetos na Temporada de Projetos. Participaram dessa reunião a Nathalia Meyer da equipe de produção, e a Christiana Moraes e a Maralice Camillo do serviço educativo. Começamos dizendo que seria importante os educadores orientarem o manuseio dos projetos durante a exposição e, nessa função, encontrar uma possível porta de entrada para um diálogo com o público visitante. Além disso, afirmamos a possibilidade do educativo ter um espaço no site projetosnatemporada.org. Comentamos também que seria interessante a elaboração de um material educativo para ser distribuído na exposição. A Christiana perguntou se nós já havíamos pensado no texto crítico que estaria tanto no folder como no texto do espaço expositivo, e afirmou a importância que eles tem na “questão ideológica” da exposição. Ela continuou nos contando sobre o “Projeto Portifólio”, iniciativa do serviço educativo do Paço das Artes, que visa desmistificar o trabalho do artista, convidando os artistas que estão expondo para mostrarem trabalhos anteriores e falarem sobre suas trajetórias. De fato existem proximidades com a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos. Discutimos algumas estratégias para lidar com o público espontâneo, as escolas que visitam o Paço em grupos de aproximadamente 20 estudantes, e a comunidade da USP. Temos nos preocupado muito em nos aproximar desta última, pensando em estabelecer intercâmbios entre diversas disciplinas na reflexão sobre a elaboração de projetos. A reunião levantou muitas questões e deixou claro que muito ainda deverá ser pensado. Assim que outras atividades estiverem melhor definidas, como palestras e worshops, bem como a expografia, ficará mais fácil também de lidar com tais questões.]]> http://projetosnatemporada.org/blog/2009/03/25/298/feed/ 0 Encontro com Tadeu Chiarelli http://projetosnatemporada.org/blog/2009/03/24/encontro-com-tadeu-chiarelli/ http://projetosnatemporada.org/blog/2009/03/24/encontro-com-tadeu-chiarelli/#comments Tue, 24 Mar 2009 22:24:26 +0000 Luiza e Roberto http://projetosnatemporada.org/blog/?p=354 Departamento de Artes Plásticas da USP, conversamos sobre curadoria e processos curatoriais ligados a projetos artísticos com o intuito de instigar o crítico, curador, historiador e professor Tadeu Chiarelli à um convite para que participasse da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos. Um dos motivos para tê-lo chamado é a extensa e crescente lista de participações em júris de editais em todo o país. Mas, claro, o que interessa muito é que, além disso, ele também exerce a posição de curador e crítico de arte, o que permite uma abordagem em contraposição por experiência própria de cada um desses papéis. A nossa conversa começou com uma explicação básica sobre o projeto, onde contamos as idéias principais, o funcionamento da autorização, as reações dos artistas convidados e como incluí-las na exposição. Falamos um pouco também sobre como vemos a ligação do Paço com a USP e algumas formas que pensamos de convidar docentes de outras áreas para participarem de atividades ligadas à exposição para abranger interesses de outras unidades da USP que sejam ligadas ao tema dos projetos, quase que numa tentativa de conectar o Paço com a USP por meio de uma abordagem interdisciplinar. Ligado ao tema dos editais, Tadeu contou um pouco sobre algumas características que ele destaca de suas experiências, principalmente como vê a sua bagagem como crítico e curador influenciar na prática de seleção em júris e como isso acaba ficando claro no momento em que essa seleção é realizada em conjunto com outros profissionais. Além disso, contou como, em alguns salões, há ainda uma incompreensão sobre qual é o papel do curador e, não raro, está entre suas incumbências a montagem da exposição. Numa segunda colocação, Tadeu se disse bastante surpreso com o crescente interesse em curadoria nos últimos anos. Interesse esse que o alcança diretamente não só por ter vasta carreira em curadoria, mas também pela posição que ocupa dentro do Departamento de Artes Plásticas, contexto universitário onde, segundo ele, houve recentemente uma intensificação sobre o  debate sobre a “profissionalização” dessa posição. Para ele, um grande problema relacionado a esse debate é uma relativa falta de tradição da curadoria no país, ou seja, a inexistência de uma história dessa prática local ligada também ao fato do próprio conceito de curadoria ter poucas oportunidades para ser refletido sobre ou colocado em debate. Falta essa que acaba gerando a necessidade de uma base sobre a qual novas práticas curatoriais possam ser avaliadas, sejam as mais experimentais ou as mais tradicionais, seja positiva ou negativamente; enfim, que permita um posicionamento mais claro sobre a curadoria. Mais ainda, Tadeu disse não acreditar numa prática curatorial que seja uma prática profissional autônoma, ou seja, que não seja pautada em uma pesquisa — ou desenvolvimento de uma pesquisa — de crítica e de história da arte. Essa crença, ainda segundo ele mesmo, pode advir de sua formação ou mesmo de uma diferença geracional, mas que poderia ser esclarecida se as posições relativas ao tema se tornassem públicas e abertas.
Trabalho de Regina Silveira para o Projeto Parede do MAM

Trabalho de Regina Silveira para o Projeto Parede do MAM

Ainda nesse contexto, Tadeu explicou um pouco sobre o seu próprio processo como curador, que ele próprio chamou de uma abordagem muito particular, na qual ele sempre parte de um interesse por uma obra e não por um artista. O que, para ele, significa que a relação estabelecida é entre o curador e a obra e não entre o curador e o artista nem mesmo entre o curador e um projeto, que ele teria que acompanhar, já que ele prefere encarar a curadoria como um produto final sobre o qual ele possui controle e não como um processo. Mas foi aí que, lembrando de algumas práticas anteriores, ele se recordou da experiência que teve com o Projeto Parede do MAM, no qual era inevitável que buscasse um artista para desenvolver um projeto, já que há uma limitação muito concreta, clara e precisa: a parede. De qualquer forma, essa atuação distinta daquela que vinha relatando, segundo ele a única série de projetos que ele desenvolveu dessa forma com artistas, levou a uma breve reavaliação da maneira como Tadeu encara a sua prática, ainda de modo reticente, mas que, de qualquer forma, deixou margem para alguns pontos que podem ser abordados na sua palestra dentro da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos.]]>
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Encontro com Milton Sogabe http://projetosnatemporada.org/blog/2009/03/20/encontro-com-milton-sogabe/ http://projetosnatemporada.org/blog/2009/03/20/encontro-com-milton-sogabe/#comments Fri, 20 Mar 2009 16:00:47 +0000 Luiza e Roberto http://projetosnatemporada.org/blog/?p=99 Temporada de Projetos na Temporada de Projetos. Na verdade, a reunião estava marcada para ocorrer uma semana antes, mas nos desencontramos do Milton no meio da mudança da UNESP para a Barra Funda e tivemos remarcar. Milton, além de professor da UNESP, onde ministra a disciplina de processos de criação e projetos interdisciplinares, é um dos membros do grupo SciArts. Foi por meio dessa disciplina que surgiu a idéia de convidá-lo para ministrar uma das palestras do projeto. Começamos o encontro explicando ao Milton, que já conhecia o projeto, alguns detalhes que ele ainda não estava a par e também como gostaríamos que fosse a participação dele em uma das palestras. A intenção é que essa seja a palestra mais pragmática de toda a exposição, ainda que com uma apresentação investigativa sobre salões, editais, e linhas de fomento no Brasil. Ele próprio sugeriu fazer uma análise crítica desse quadro. O Milton levantou alguns pontos interessantes para pensarmos sobre o projeto, sendo o primeiro o fato de se tratar de uma curadoria proposta por artistas. Como no projeto inicial enviado ao Paço, explicamos um pouco sobre como nos víamos nesse papel um tanto complicado e de difícil definição, mas a essa posição, que ele chamou de zona cinza entre artista e curador, Milton sugeriu que não deveria uma preocupação propriamente, já que correríamos o risco de se fechar em uma mera discussão terminológica que de fato não nos interessa. O segundo momento importante foi a avaliação do projeto como algo “novo” que, por isso, interessou a ele. Claro que se tratou de um comentário “en passant”, e com um intuito elogioso, mas, devido ao constante pensamento auto-crítico (e até à discussão iniciada no primeiro contato com os inscritos) ela voltaria a tona mais adiante pela via de uma re-avaliação desse critério (até mesmo no contexto do(s) edital(is) onde esse é um pre-requisito).]]> http://projetosnatemporada.org/blog/2009/03/20/encontro-com-milton-sogabe/feed/ 0