Higienópolis, Santana e Tatuapé

A saga final das visitações começou pela unidade de Higienópolis. Ao contrário das maioria das outras unidades que possuem em torno de vinte quadros, a unidade de Higienópolis tem nada menos que quarenta e três! Para complicar ainda mais, a unidade é composta por pelo menos duas casas ligadas, que ocupam toda a extensão do quarteirão; ou seja, há uma entrada na Av. Higienópolis e outra na R. Maranhão.

Além da quantidade incrível de quadros, há também uma variedade um pouco mais acentuada do que nas outras unidades. De qualquer forma, alguns me chamaram muito a atenção.

Em primeiro lugar veio uma gravura, não pela gravura em si, mas pelo fato de estar escondida atrás de um quadro de avisos logo na entrada, uma situação curiosa. Depois, achei muito curioso o espaço do “Multimedia Centre”, que fica numa espécie de sub-solo do prédio principal, mas é bastante agradável como biblioteca e contém pequenos pôsteres de quadros de Lichtenstein. Em seguida, é interessante notar o espaço, também muito curioso, da lanchonete: com o pé direito muito baixo, mas, mesmo apertado, com dois quadros na parede onde ficam pequenas mesas-balcão. Mais ainda, o espaço “sala de espera”, no prédio da R. Maranhão, não só pela sua disposição — uma longa sucessão de salas com função um pouco indefinida — mas também pela quantidade de quadros, especialmente poemas do metrô de Londres enquadrados.

Finalmente, me chamou muito a atenção o pôster colocado logo acima da pia (quase no lugar onde se esperaria encontrar um espelho), com a pintura de uma cadeira feito por Van Gogh, já que ele é comparado com o “One and Three Chairs” do Kosuth em um texto de Carolyn Wilde.

Na unidade pude conversar com a gerente, que se mostrou bastante interessada na proposta de levar os trabalhos para as unidades. Num comentário que me fez pensar bastante ela comentou com uma funcionária que a acompanhava algo na linha de: “agora, como com as outras categorias [de cinema digital, teatro, dança], o trabalho de artes visuais também vai vir às unidades ao invés de ficar restrito ao CBB”. Essa abordagem, colocando a minha proposta ao lado das das outras áreas, me pareceu muito mais interessante do que uma contraposição aos outros trabalhos propostos para as galerias, já que, mesmo para mim, não se trata de querer me afastar desses segundos, mas sim aproximar desse mecanismo tão comum dos primeiros e que parece ter sido abandonado ou dado como ineficaz na área de artes visuais.

Depois de quase duas horas e meia me perdendo um pouco pelas escadas, andares, corredores e sub-solos da unidade do Higienópolis, segui para o metrô, onde iria em direção ao Tatuapé.

Como na maioria das outras unidades, pude chegar muito facil e rapidamente. A unidade do Tatuapé tem uma singularidade notável, já que, apesar de ter dois andares, só possui decoração no primeiro, exceto por um único quadro no segundo andar. A arquitetura do prédio, especialmente o teto, lembra um pouco a da unidade Santo Amaro e, como aquela, possui uma sinalização distinta da que vinha observando nas outras unidades da Cultura. Interessante notar também a presença de dois pôsteres sobre cervejas, ambos próximos à lanchonete da unidade.

Mantendo a média de vinte quadros, pude fotografá-los e medi-los todos muito rapidamente. Depois do trabalho na unidade do Higienópolis, e pela disposição dessa unidade do Tatuapé, modifiquei a minha abordagem e fiz as etapas de fotografar e medir-anotar separadamente, ou seja, ao invés de, como antes, fotografrar, medir e anotar as informações de cada quadro, um por vez, fotografei todos os quadros e depois segui para medir e anotar as informações de cada um. Me pareceu bastante mais prático e me tomou mais tempo, mas teria sido impossível na unidade do Higienópolis.

Segui novamente para o metrô, dessa vez em direção ao meu último destino: Santana. Na pressa e confusão do metrô acabei saindo do lado errado da estação e tive que dar uma pequena caminhada pela Av. Cruzeiro do Sul para chegar à unidade, que já estava com bastante movimento dos alunos, cuja aula começaria em breve.

Como na unidade do Tatuapé, decidi fotografar e anotar os quadros separadamente e, já que havia muitas pessoas, comecei anotando. E, enquanto fazia, pela primeira, um aluno veio falar comigo. Era um menino muito jovem que queria saber o que eu estava fazendo lá. Tentei explicar a ele, mas acho que ele ficou um tanto tímido e, de repente, saiu correndo para ir ao encontro dos amigos…

Como já havia ficado tarde, a luz estava um pouco escassa para as fotos, principalmente pois essa unidade possui uma enorme clarabóia no teto. Mesmo assim, fotografei, uma vez que as aulas tinham começado, os enormes pôesteres do Lichtenstein no alto da escada; bem como toda a série de pôsteres “The Look and Learn Collection”, espalhados pela unidade. Novamente um quadro com cervejas estava próximo da lanchonete. No final, provavelmente pela emoção causada por ter chegado tão próximo ao fim dessa etapa de visitações, depois de ter fotografado e anotado sobre todos os quadros, acabei esquecendo de fotografar dois quadros do Multimedia Centre, um dos quais me interessou bastante por ser um tríptico.

Ainda em Santana, pela primeira vez, fui informado que não poderia colocar novos pregos ou parafusos nas paredes para pendurar os trípticos. Foi o zelador do prédio quem me deu a notícia e, pelo que entendi, era ele mesmo quem estava me proibindo de modificar qualquer coisa das paredes; logo vi que ele não havia sido informado sobre o meu projeto e tentei falar com a gerente da unidade, que estava ocupada, deixei então para um outro contato.

21

Fotografias dos quadros decorativos da unidade Higienópolis.

10 09

Fotografias dos quadros decorativos da unidade Santana.

03 04

Fotografias dos quadros decorativos da unidade Tatuapé.

Deixe o seu comentário