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Biblioteca do British Council

terça-feira, março 10th, 2009

Logo que saí do encontro com a coordenadora pedagógica da Cultura Inglesa passei na biblioteca do British Council para tentar conversar com a responsável. O espaço já havia me interessado desde a minha visita anterior e de uma conversa imaginei que poderiam vir frutos.

Conversei com a Ana Mattos e expliquei novamente o projeto, mais ou menos da mesma forma que havia feito há pouco para a Lizika. Foi interessante ver a reação dela, já que havia também estudado na unidade da Cultura Inglesa de Pinheiros, à qual me refiri no projeto inicial para a projeção da intervenção com os trípticos, ela compartilhou comigo a estranha relação de indiferença que os alunos estabelecem com a decoração das unidades. Além disso, como comentarei a seguir, ela pareceu bastante sintonizada com a idéia de ativar os espaços das unidades e da exposição.

Depois de falar sobre o projeto, comentei sobre a minha preocupação de que o seção dentro do espaço expositivo com a mesa, computador e livros se tornasse muito mais um cenário do que um lugar ativo, onde o contato com a proposta do trabalho seria levada à cabo. Falei também sobre como esse espaço é uma espécie de simulação de um espaço de biblioteca e, de fato, a do British Council possui os mesmos elementos que previ para esse espaço (mesas, computadores com internet e livros). Daí o meu desejo de estabelecer com a biblioteca uma relação mais próxima entre a proposta para essa seção da galeria e a biblioteca, levando em consideração que ela já existe com função similar a desse espaço.

Inicialmente pensei que os livros poderiam transitar entre os dois espaços, criando uma interação entre eles. Me interessaria também estabelecer outros fluxos ligados à biblioteca, abrindo o trabalho a esse outro espaço, que permite um acesso muito mais amplo à referências muito mais variadas do que seria possível dentro da galeria. Além disso, o próprio público poder estabelecer uma relação com a biblioteca, saber que ela existe, como ela existe e como funciona, seria algo interessante por si só.

Ela me questionou sobre como eu pretendia monitorar esse espaço com os livros e computador, ao que respondi que tenho a intenção de permanecer nele para que eu mesmo seja um agente de ativação. Mas também expus o fato de que ainda tenho receio de que a minha presença pode vir a inibir a utilização do espaço por outros; algo que só poderei descobrir durante o processo.

Quando falou sobre a missão da biblioteca, a Ana esclareceu algo que idealmente deveria ser a missão de qualquer biblioteca: estar aberta para o público e permitir que ele interaja com o seu equipamento e acervo (algo que, infelizmente, não acontece em muitas bibliotecas). Ela também frisou que acredita que a ativação do espaço e a abertura de exploração que procuro com “One & Three Words” cabe muito bem com a proposta da biblioteca que, segundo ela, é um lugar com o qual qualquer pessoa pode estabelecer uma ligação, onde a gama de interesses contempláveis é muito grande. Enfim, deixou claro ainda que a utilização e contato do material da biblioteca é o que eles esperam do público.

Mais ainda, ela comentou que existe a possibilidade de eventos acontecerem na própria biblioteca, desde que eles não interfiram no cronograma e horários dela. Acontecem uma série de atividades na biblioteca, que é fechada para alguns eventos como a projeção de filmes e a apresentação de palestras com informações sobre educação no Reino Unido, todas informações disponíveis no calendário da biblioteca e também no site corporativo do British Council.

A efetivação de uma colaboração com a biblioteca me parece um ponto fundamental para a potencialização das propostas do trabalho e, mais ainda — por que não? — que também pode potencializar o espaço da biblioteca em si.

O princípio das dúvidas

terça-feira, março 10th, 2009

Voltei ao CBB, dessa vez para um encontro com a coordenadora pedagógica da Cultura Inglesa, Lizika Goldchleger. Como das outras vezes, tanto a Carolina Faria quanto o Laerte Martin de Mello estavam presentes (na realidade o encontro foi agendado através deles). O objetivo era explicar à Lizika quais são as idéias do projeto e como ele pretende envolver os professores da Cultura Inglesa através de atividades em sala da aula com os alunos.

Comecei mostrando o projeto original enviado ao Festival e explicando que o regulamento do Festival requer um projeto que tenha alguma relação com a cultura inglesa, seja pela obra de um artista específico ou algum traço dela (e como isso acontece no caso de “One & Three Words”, que, além de lidar com a língua inglesa, referencia o grupo Art & Language).

Para facilitar a contextualização de “One & Three Words” acabei dando um panorama histórico bastante resumido do que seria aquilo que se chama de arte “Conceitual”: a relação que existe entre esse termo e obras baseadas em palavras; como essas obras surgiram, entre outras coisas, como uma tentativa de expandir os limites do que se costuma chamar de arte Moderna (que lida essencialmente com a busca de prazeres estético e da “arte pela arte”); a crítica que receberam por isso e como todo esse trajeto histórico vem sendo, de alguma forma, redesenhado. O exemplo que usei para ilustrar o que falava, que é certamente o mais icônico e também bastante útil para focar nas características que interessam a “One & Three Words” é, obviamente, “One and Three Chairs“, da série Proto-Investigations do Joseph Kosuth. O ponto principal que comentei foi o próprio posicionamento do Kosuth e sua filiação com correntes de pensamento positivistas e a concepção ideal de arte, através da obra de arte “analítica”, que se assemelha muito a “arte pela arte”. Enfim, algo bastante resumido mesmo.

Dentro desse panorama trouxe algumas considerações sobre a própria Cultura Inglesa, onde estudei durante seis anos. Desde aquela época e, não surpreendentemente, até hoje a escola se preocupa bastante com prover um ensino baseado no uso de ferramentas tecnológicas (computador, internet, video, som, etc.), como atesta o folder que havia encontrado minutos antes na sala de espera do CBB — na internet, um recurso bastante promovido nesse sentido é o e-campus.

É nesse contexto que surge a importância de utilizar um serviço do Google, o Google Tradutor, como base da pesquisa do projeto. Isto é, nada mais adequado que a Cultura Inglesa, escola de ensino de inglês que tem forte ligação com esse tipo de ferramentas, ser o palco de uma abordagem crítica delas.

Por meio de alguns exemplos de trípticos, levantei um ponto que me interessa pensar que é o fato de, no trabalho original do Kosuth, os verbetes de dicionário serem apresentados descontextualizados, isto é, sem que saibamos de qual dicionário vieram, como se aquela definição fosse algo perene. É por isso que a minha escolha, ao contrário do Kosuth, é por usar fotos de verbetes de dicionário, e fotos que deixem mais clara a existência de um contexto para cada verbete, ou seja, através das características do dicionário de onde ele foi retirado como a tipografia, o papel e outras indicações, esclarecer que os verbetes não existem fora de dicionários específicos, escritos para fins específicos, por pessoas específicas e assim por diante.

Seguindo adiante, expliquei também como há outros contextos que me interessa explorar. Ou seja, que o dicionário é apenas um “nível” de contexto e para a proposta do Festival há outros níveis. Um outro deles seria a intenção de colocar os trípticos nas unidades da Cultura Inglesa.

Além dessa ‘intervenção’, a proposta inicial para o espaço expositivo também gera um outro contexto, no qual o visitante da exposição é convidado a transcorrer o processo de produção dos trípticos, mas com a liberdade de fazer uma exploração que possa levá-lo a outros lugares também, diferentes da proposta inicial. A intenção não é estabelecer uma regra de conduta dentro da qual o público deva atuar, mas sim uma estrutura bastante geral motivada por dúvidas geradas no contato com qualquer parte da obra. O objetivo é extrapolar o fato de que é o público quem faz o trabalho, quem faz as escolhas e decisões de como fazer o trabalho (e também deixar claro que houve alguém, eu, que fez as escolhas e decisões daquelas partes do trabalho que estão expostas).

Foi nesse momento que surgiu uma importante dúvida da Lizika, que é muito interessante até para se pensar o papel reservado ao artista e à produção artística; na realidade ela se surpreendeu com essa abertura da proposta e perguntou o que aconteceria então caso o visitante não chegasse à mesma conclusão que eu teria chegado, algo que minaria a proposta do trabalho, fazendo-o perder o seu sentido. Expliquei a ela que a idéia não é propor uma conclusão, uma afirmação ou um conteúdo, mas sim uma estrutura de pensamento, de consciência de contexto, uma tentativa de conscientização ativa do público. Levantar uma dúvida e uma estrutura sobre a qual possa ser possível montar pensamentos, mesmo que eles sejam diferentes do que eu tive quando realizei o projeto. Sendo assim, não me interessa que o visitante chegue nas mesmas conclusões que eu, nem me interessa ilustrar as minhas conclusões de maneira que o visitante possa acessá-las. O ponto principal é permitir ao visitante criar o seu conteúdo, criar a obra para si mesmo.

É por isso também que, para as atividades junto aos professores, não me interessa impor a eles quais ações especificas cada um deles deve desenvolver. Essa foi a segunda dúvida da Lizika, que se preocupou com como orientar ou assegurar o professor de que ele estaria trabalhando dentro da proposta do trabalho. A resposta mais simples é que isso não será possível nem buscado. Cada professor será livre para desenvolver a sua própria atividade, por meio do contato com os trípticos nas unidades e também do encontro previsto no projeto inicial. Como um visitante, o professor também terá a abertura para criar a sua própria proposta, seja ela diretamente alinhada ou não com o sentido do projeto. O resultado dessa ação não pode ser previsto de antemão, assim como não podem ser previstas de antemão as reações do público em geral. E, como o Laerte notou, é através dessa possibilidade de abertura que surge uma contraposição ao tipo de proposta fechada realizada pelo Kosuth (por exemplo).

Mais ainda, dada a maneira como se desenvolve o projeto, expliquei a ela que a realização dessas atividades não implica no sucesso da proposta e, em contrapartida, mesmo que nenhuma atividade seja realizada o projeto não terá “fracassado”, já que essa duas possibilidades guardam interesse e não são objetivos a priori. Por exemplo, caso nenhuma atividade ocorra com os alunos pode ser interessante, entre outras coisas, tentar entender o porquê de nenhuma atividade ter sido gerada. Ou seja, o processo de tentativa, que é o que mais importa no projeto, terá ocorrido e ele poderá ser explorado em qualquer caso. E, a própria Lizika adicionou, só o encontro com os professores pode ser visto como uma alimentação cultural importante para a sua prática, independente do fato de ele repassar isso para o aluno ou não.

Comentei também sobre o “terceiro” espaço do projeto, o site. Além de utilizar a galeria do CBB e as escolas da Cultura Inglesa, qualquer resultado desse processo pode interagir e voltar ao espaço do site, seja na forma de relatos, imagens, textos ou qualquer outro formato que venha a ser gerado.

Expliquei também que havia marcado esse encontro não só para explicar a ela o projeto e a maneira como pensava fazê-lo funcionar, mas também para pedir uma ementa dos cursos da cultura, que pode ajudar a pensar algumas possibilidades de atividades. Terminamos com uma definição de próximos passos dada pelo Laerte: pensar como será a maneira ideal de estabelecer o contato inicial com os professores e depois passar a definir datas.

Começo

sexta-feira, março 6th, 2009

Voltei ao CBB pela primeira vez depois da ida inicial realizada quando ainda preparava a proposta que enviei ao Festival (em Dezembro de 2008). Esse foi o primeiro encontro com (parte d)a equipe do Festival. Participaram do encontro Carolina Faria, Laerte Martin de Mello e Fernanda Tonoli, todos muito simpáticos e prestativos, esclareceram todas as minhas dúvidas e se dispuseram a ajudar o início de alguns dos contatos necessários dentro da instituição para a realização plena do projeto conforme a proposta inicial.

O objetivo principal desse encontro era assinar o contrato entre a entidade representante do Festival e o artista selecionado (este que escreve). Como sempre me parece ser o caso, a parte mais complicada do contrato foi a que se refere aos direitos autorais, mas, nesse caso, a instituição se exime de qualquer problema que a obra possa causar e, caso surja algum, ele é transferido diretamente ao artista, que se responsabiliza assim por qualquer resposta legal, conforme esclareceu o Laerte. Apesar de pretender sim utilizar material com “direitos reservados”, me parece que a Lei 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998, Capítulo IV, Art. 46 me protege de qualquer problema. Com a cópia do contrato que mantive pretendo buscar auxílio de alguém mais informado para esclarecer essa lei.

O Festival deve ocorrer entre os dias 5 e 24 de Maio, sendo que a exposição dos trabalhos da categoria de Artes Visuais (no qual o presente foi selecionado) continuará aberta aos visitantes até o dia 12 de Junho, nas galerias do CBB. Nos dias 13 e 14 de Junho serão desmontados os trabalhos expostos e desocupados os espaços expositivos.

Estava muito curioso para saber como são as visitas guiadas, mas fui informado que elas não estão previstas nem para estudantes das unidades da Cultura Inglesa (como eu havia imaginado) nem outras entidades (como ocorre em outros espaços). Somente no dia em que ocorrer a apresentação dos espetáculos de dança é que estudantes de uma escola pública serão convidados a assistir e também serão levados a visitarem os espaços expositivos.

Contudo, já pedi o agendamento para um contato com a coordenação pedagógica da Cultura Inglesa na semana que vem para apresentar a proposta e iniciar um diálogo que permita a criação colaborativa das atividades extra-expositivas nas salas de aulas (e outros espaços). Com os professores a intenção é poder dialogar diretamente para que surjam propostas de atividades, com os alunos da Cultura Inglesa, relacionadas ao tema da exposição; sendo que o resultado das atividades poderá ser devolvido ao espaço expositivo e re-desenvolvimento dentro do conceito da exposição num processo contínuo. Além disso, visitarei nas próximas semanas, conforme um cronograma que apresentarei à equipe do Festival, os espaços das unidades da escola onde propus intervenções (conforme consta na proposta apresentada) para análises iniciais de abordagem.

Também fui convidado a escrever um texto introdutório ou explicativo sobre o trabalho, a ser publicado no material de divulgação do Festival. Além desse texto, um redator é contratado pela Cultura Inglesa para escrever, com base no projeto enviado, uma descrição do trabalho que será publicada no catálogo do Festival.

O encontro foi breve, mas bastante produtivo, considerando que excedeu o objetivo inicial de assinar o contrato.

Quando saía do CBB visitei a biblioteca, que não tive a oportunidade de ver na minha visita anterior. A quantidade de livros de referência é bastante grande e até inclui o lendário Oxford Dictionary (a edição completa). Dada a estreita relação da proposta com livros e também com bibliotecas e material de referência, entrarei em contato com os responsáveis pela biblioteca para buscar formas de colaboração e obter também ali apoio para a realização de “One & Three Words”.

Finalmente, estudei um pouco o espaço expositivo que me foi reservado, a galeria da direita (para alguém que está entrando no edifício e de costas para a porta principal) no andar Térreo.