A aquele que já tentou reproduzir os resultados obtidos no ‘Google Tradutor’ ilustrados no projeto inicial enviado ao Festival não é novidade que ao invés disso:

Página do 'Google Tradutor' mostrando uma sugestão de tradução da palavra "sympathetic" na versão antiga do serviço.
obtem-se (há pouco tempo, diga-se de passagem) isto:

Página do 'Google Tradutor' mostrando mais de uma sugestão de tradução da palavra "sympathetic" na versão atual do serviço, onde se vê a seção "Dicionário" incluída.
Ao depender de um software online para realizar um projeto em uma escala de tempo muito grande esse é um risco que se corre: o software é atualizado e uma determinada proposta pode se tornar um tanto quanto difícil. O caso aqui não chega à impossibilidade total, basta ver, por exemplo, a sugestão de tradução de “cafeteria“ (que ainda sugere somente “cafeteria” como tradução, sendo que o sentido mais usual seria algo como “refeitório”).
Mesmo assim, a atualização, a constante modificação, a “melhora” dos serviços do Google é algo que deve ser previsto e — por que não? — incluído numa proposta como esta. Sabemos muito bem que esse tipo de serviço não fica e, muito provavelmente não ficará, igual por muito tempo (basta ver a quantidade de modificações pelas quais passou um outro serviço mais ativamente desenvolvido, o GMail).
O aparecimento da seção “Dicionário” no Tradutor sugere uma tentativa de prover informações mais completas aos usuários do serviço. Também me parece que essa seção deixa claro que existe uma consciência dos próprios desenvolvedores (do Google) que esse serviço tem essa deficiência, justamente a que me interessava explorar. E é louvável que essa seção tenha sido adicionada às tentativas de tradução de uma só palavra. Sim, obviamente essa seção só aparece quando se tenta traduzir uma só palavra.
Mas isso não me pareceu tão claro quanto está agora. A princípio me levei a procurar por palavras que permanecessem “falsos cognatos” mesmo quando o “Dicionário” aparecia. É o caso de “alumnus“, por exemplo, que ainda não mostra a concepção utilizada com mais frequência na linguagem corrente (“ex-aluno”) e sim as opções “aluno”, “aluno de universidade” e “estudante”.
Foi só ao receber de ninguém menos que meu pai a seguinte mensagem que me percebi nesse caminho, ele dizia:
Fiz uma “google translation” e não vi aquilo que você disse. Pelo contrário, saiu uma coisa horrível, repleta de falsos cognatos. Veja aí embaixo:
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ORIGINAL:
The Society for Experimental Biology, with the generous support of the Company of Biologists Ltd., have instituted a series of formal public lectures to be given by distinguished members of the Society, and subsequently to be published in the Journal of Experimental Biology. The series is named after Dr George Bidder, who played an important role in the founding of both the Company and the Society.
GOOGLE TRANSLATED:
A Sociedade de Biologia Experimental, com o generoso apoio da Companhia de Biologists Ltd., ter instituído uma série de palestras públicas formal a ser dada por distinguir membros da Sociedade e, posteriormente, a ser publicado no Journal of Experimental Biology. A série tem o nome de Dr. George Licitante, que desempenhou um papel importante na fundação da Companhia de ambos e da sociedade.
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Que tal?
Foi só aí que comecei a me questionar sobre algo que ele mesmo afirmou categoricamente depois: “Ninguém usa o Google Tradutor para traduzir palavras soltas”.
Encontrei, numa anotação anterior ao projeto inicial, a pergunta: “Existem falsos cognatos por contexto?”. O raciocínio é que podem existir palavras cuja tradução não seja considerada um falso cognato em um contexto e seja em outro. Por exemplo, a palavra “convenient” pode ser traduzida, em alguns contextos, por “conveniente” (“This is not a very convenient time.“), mas em outros não (“More and more people find it convenient to do their home banking by phone or through the internet.”).
Agora me parece ainda mais claro que a resposta àquela pergunta é sim. Não só é sim, mas também é possível incluir essa afirmação nos trípticos ao prover o contexto da palavra (através de uma frase) na tradução realizada com o Google. Mais ainda, ao colocar a palavra contextualizada como exemplo de tradução é diminuída a possibilidade de interpretação do tríptico como uma mera ilustração, exemplificada por meio de ameaça a qualidade do serviço do Google, da impossibilidade de traduzir uma só palavra diretamente em só outra, algo que nunca me interessou apontar como se fosse um problema do ‘Google Tradutor’. O que gostaria que permanecesse é a problemática dessa impossibilidade estar presente em qualquer ato de tradução, mesmo dentro de um contexto, ou seja, o fato de existirem muitas traduções possíveis ao mesmo tempo que nenhuma delas é totalmente fiel ao original.