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Primeiro contato com inscritos

O website e as cartas-convite já estavam prontos para serem disparados por nós assim que o Paço das Artes enviasse as cartas de agradecimento aos inscritos junto com a autorização para participar do nosso projeto. Na quinta feira, dia 11 de Dezembro de 2008, às 11:29hs, recebemos a primeira autorização. Surpresos, pois não nos havia sido avisado que as cartas tinham sido disparadas, começamos a receber muitas autorizações e alguns telefonemas. Alguns artistas elogiaram o projeto, afirmando que ele dá “a oportunidade a todos de mostrarem parte de seu trabalho”, ou que “possibilita um debate mais profundo sobre este modelo de editais que está em vigor em todo o Brasil”. Outros foram muito objetivos, enviaram a autorização diretamente, sem perguntas ou comentários. Do mesmo modo, alguns poucos também recusaram economizando palavras: “Ola, não tenho interesse de receber emails e participar dos projetos. Obrigado.”. Recebemos um telefonema de uma pessoa que não havia entendido muito bem a proposta, achava que estávamos nos disponibilizando a realizar de alguma maneira o projeto dela e já trouxe, diretamente, dúvidas quanto a essa realização. Algo que já imaginávamos que ia ocorrer, esclarecemos conforme necessário cada caso, explicando e re-explicando o projeto a cada um dos convidados. Recebemos também um email de um artista que questionava nossa proposta e recusou participar dela. Não ficou claro o porquê da recusa nem o questionamento da proposta. Ele sugeriu educadamente que conhecêssemos o trabalho “cura-dor“, do Grupo Aleph que, segundo ele, seria um projeto semelhante e que realmente não conhecíamos. O mesmo artista enviou um email diferente à equipe de produção do Paço das Artes e também à diretora Daniela Bousso. Nesse outro email, afirmou que o Grupo Aleph já havia realizado a mesma proposta no ano 2000 com o projeto “o cura-dor”, e que, assim, a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos não era um projeto inédito e por isso não estava de acordo com as exigências do edital do Paço das Artes, portanto, um projeto que não era válido:  “acho q a busca do novo não é o fundamental em arte, mas, na minha opinião, isso é repetição mesmo… pra não usar outra palavra mais feinha…”, afirmava ele no e-mail. Ficamos bastante surpresos com a reação do artista. Primeiro, pela exigência dessa originalidade. Se ele viu semelhanças com projeto em que ele realizou com o Grupo Aleph, não deveria isso ser motivo para trocas? E até mesmo pensar: quase 10 anos depois do trabalho do Grupo, será que nada mudou na maneira de se relacionar com a prática de elaboração de projetos e com o modelo dos salões de arte ainda tão presente na produção artística brasileira? Em segundo lugar, vimos muitas diferenças entre “cura-dor” e a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos . Enquanto “cura-dor” (como o próprio nome indica) se propunha a opor os trabalhos selecionados aos não selecionados (se aproximando, segundo eles mesmos, do “Salão dos Excluídos de Paris”), a nossa intenção é pensar os projetos mesmo (daí, inclusive o nome Temporada da Projetos na Temporada de Projetos e também o convite a todos os inscritos no edital do Paço, quer tenham sido selecionados ou não). Outra diferença bastante notável é que o “cura-dor” se resumia a somente expor os projetos não-selecionados enquanto que para a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos planejamos uma série de atividades de suporte que possam efetivar e aprofundar os debates propostos. Para outro artista que recusou participar do projeto perguntamos o motivo. Ele nos respondeu que o projeto dele foi “idealizado com a exclusiva finalidade de ser submetido à seleção para uma exposição no Paço das Artes”. Recebemos também alguns emails que continham a autorização não assinada. Por fim, tivemos um número muito grande de emails que foram devolvidos por terem sido enviados ao um endereço incorreto. Com todo o movimento, decidimos passar a tarde no Paço das artes para facilitar os contatos, atender o telefone, e reunir os emails que chegavam para a equipe do Paço e para nós.