Encontro com Ligia Nobre
Em quase três horas de conversa numa padaria na Rua Maranhão, em São Paulo, explicamos à Ligia os detalhes do nosso projeto e conversamos sobre como ela poderia atuar no desenvolvimento da expografia.
Além de ouvir com muita atenção às nossas colocações e dúvidas, a Ligia deu muitas sugestões, principalmente em relação às pessoas que gostaríamos de envolver no projeto. Ela sugeriu sempre trazer aquelas que estejam “a favor” do projeto, já que, por mais que a intenção seja gerar o debate — e ele normalmente ser fruto das discordâncias entre as pessoas — ele não se torna saudável se a discordância for com o próprio projeto.
Mackenzie, mas sempre manteve um forte interesse em arte. Esse interesse levou ao seu envolvimento em projetos como o Arte/cidade, bem como a criação do exo experimental, que teve um importante papel na introdução de programas de residências no Brasil e de debates interdisciplinares. Em estadias na Europa trabalhou em projetos de Carsten Höller, Boris Groys e Raqs Media Collective. Depois de longo período fora, retornou ao Brasil recentemente para, entre outros, o desenvolvimento de um projeto em São Paulo com os arquitetos Herzog&DeMeuron.
Em relação ao “exo”, que consideramos um projeto que teve importantes conquistas no pensamento interdisciplinar, explicamos a ela que, embora exista — desde a nossa proposta inicial — uma vontade de dar à exposição um caráter mais interdisicplinar, ainda não conseguimos desenvolver um módulo de palestras que tivesse essa abordagem.
De volta às características específicas da exposição, conversamos também sobre a intenção de criar um espaço dinâmico, que fosse transformado — e transformável desde a sua concepção — ao longo do período da exposição. Além dos croquis que elaboramos para o projeto inicial, levamos para ela algumas referências de como poderia ser esse espaço, como as instalações elaboradas pelo projeto “curating degree zero” e a exposição “Section 7 Books“.
No que se refere à participação dela na construção do espaço expositivo, consideramos que, como arquiteta, ela também estaria elaborando um projeto — o projeto expográfico — e assim gostaríamos também que ela falasse sobre esse projeto em um dos encontros, ou seja, encarando desde já a possibilidade de tematizar, dentro do contexto da produção de projetos, o projeto expográfico como um “projeto”. Ela já havia se interessado pela nossa proposta tanto pelo posicionamento crítico que ela identificava no projeto como pela origem dele; então a possibilidade de atuar, nesse meio, como arquiteta — posição que ela nunca chegou a exercer plenamente nessa área — a atraiu e ela disse que consideraria o convite.
Em seguida, foi a Ligia quem contou mais sobre sua trajetória. Se formou em arquitetura pelo