Abertura da 2ª Temporada de Projetos 2009

A 2ª Temporada de Projetos do Paço das Artes foi inaugurada junto com a exposição “Entre – Temps: Seleção Áudio Visual do Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris”. A segunda fase conta com obras dos artistas Cristiano Lenhardt, Laerte Ramos e Hóspede.
Lutadora de taekwondo quebra saco de cerâmica em performance, no trabalho re.van.che de Laerte Ramos, na abertura da segunda Temporada de Projetos 2009 no Paço das Artes. Clique na imagem para ver mais fotos da abertura.

Lutadora de taekwondo quebra saco de cerâmica em performance, no trabalho "re.van.che" de Laerte Ramos, na abertura da segunda Temporada de Projetos 2009 no Paço das Artes. Clique na imagem para ver mais fotos da abertura.

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22/04/2009

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Reunião com Ligia Nobre

Sala de leitura Rodchenko na Tate

Sala de leitura desenhada por Rodchenko (em exposição na Tate). Clique na imagem para ler (em inglês) mais sobre a exposição no blog onde foi encontrada a fotografia.

Fizemos um segundo encontro para pensar o espaço expositivo da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos. Ligia levou um livro sobre a história das expografias do MoMA no qual é apresentada a exposição com uma sala de leitura do Alexander Rodchenko que havíamos comentado como (contra-)exemplo (a sala apareceu recentemente numa exposição da Tate). Falamos sobre como seria o mobiliário onde estarão disponibilizados os projetos, e que poderíamos aproveitar o material já disponível do Paço das Artes, como lustres, sofás, cadeiras, pufs, divisórias… Conversamos que seria interessante se os projetos estivessem dispostos por número de inscrição no Edital Temporada de Paço das Artes 2009. A própria equipe do Paço marca os projetos com a numeração de acordo com a ordem de chegada. Pensamos que com isso evidenciaríamos o procedimento de organização da instituição sem termos de criar uma hierarquia nossa. Essa disposição também seria uma boa maneira de registrar os projetos ausentes (dos artistas que não autorizaram a exibição), já que ficaria muito claro quais são (e quantos são) os projetos que faltam. A nossa preocupação, segundo a Ligia, consiste em mostrar quantidade, diferenciação, homogeinização, e ao mesmo tempo criar o espaço das oficinas (workshops) e encontros (palestras). Pensamos em estruturas possíveis que podem registrar a visita do público e o resultado das oficinas. Uma delas é a disposição de papéis-fichas para que o público possa anotar um percurso de projetos que acha interessante e que ao ser compartilhado possa ser executado por outros visitantes (que também poderão sugerir outros percursos). Um painel pode servir como plataforma para que esses roteiros permaneçam no próprio espaço expositivo. A idéia de usar estantes móveis também vem a calhar com o objetivo de um espaço mais flexível. Uma estante vazia permite que alguns projetos sejam remanejados para um agrupamento resultante das oficinas. Embora o uso das estantes móveis parece ideal, algo na parede parece ser indispensável, e o painel de roteiros e comentários, junto com o texto curatorial, ocuparia esse espaço. Pensar na cor e no material com os quais será produzido o mobiliário foi uma outra questão relevante. Esses elementos criam diferenciação sem hierarquia e evitariam a “cara” das exposições de arquivo geralmente realizadas com madeira. Até tapete foi apontado como um aparato importante na expografia, no sentido que ele torna o ambiente mais confortável além de demilitar o espaço reservado à exposição. Uma questão que não poderíamos esquecer era de como os projetos podem estar dispostos sem que o formato original deles seja alterado. Existem projetos encadernados, em pastas, folhas, soltas, grampeados. O que mais nos preocupa são os projetos em folha solta (como mantê-los em folha solta sem prejudicá-los com o manuseio do público?), e foram citadas algumas possibilidades para eles: pastas L, clips, saquinho, pasta com elástico. A pasta L nos pareceu melhor, e para vocês?
Plástico transparente

Fotografia de exemplo de plástico transparente com furos.

Pasta L

Fotografia de exemplo de "pasta L"


Prendedor de papel

Fotografia de exemplo de clips prendedor de papel

Pasta com elástico

Fotografia de exemplo de uma pasta de papel kraft com elástico


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Reunião com Rejane Cintrão

Tivemos uma reunião no Paço das Artes com a Nathalia Meyer e a Marcela Amaral (equipe de produção) para explicar à nova gerente de projetos do Paço, a Rejane Cintrão, o que já foi realizado na Temporada de Projetos na Temporada de Projetos e as próximas etapas da proposta de curadoria. Explicamos que com o desenvolvimento da nova versão do site faremos um segundo contato com os artistas-inscritos-participantes para que assinem, até 1 de junho, a autorização final, elaborada junto com a assessoria jurídica, para que os projetos deles sejam expostos. Um outro ponto que entrou em pauta foi o orçamento da exposição. Temos até meio de Maio para definir esse orçamento por completo com tudo que a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos vai precisar. Com um bom número de palestrantes e orientadores de workshop confirmados (8 de 13) esse orçamento já está mais esboçado.  Na “cota” reservada a essas atividades de suporte, tentaremos com que sejam oferecidas passagem de avião e hospedagem para aqueles que não são residentes em São Paulo. Ainda em relação ao orçamento,  a expografia e o equipamento necessário são outros elementos chave para a definição dele, e dependem do trabalho conjunto nosso com os arquitetos. Contamos para a Rejane a reunião que tivemos com o núcleo educativo do Paço das Artes, e que estamos acompanhando as atividades do Projeto Portfólio organizada por ele. Além disso, repetimos que pensamos a atuação do educador próxima ao do curador, no sentido de terem uma função mediadora entre os projetos e o público, e que gostaríamos da presença de um educador para orientar o manuseio dos projetos, sendo isso uma porta de entrada para uma ação de mediação. Em relação a isto, a Rejane perguntou se seria conveniente o uso de luvas para esse manuseio, mas acreditamos que isso poderia intimidar o contato que gostaríamos que o público tivesse com os projetos. Por último, reforçamos que seria interessante a elaboração de um material educativo para distribuição. O Projeto Portfólio do educativo tem uma proposta muito parecida com a qual imaginávamos para uma das palestras/encontros da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos, na qual um artista selecionado pelo Edital do Paço das Artes 2009 contaria o processo de elaboração do seu projeto até a realização da obra no formato expositivo. Assim, achamos interessante chamar o Hóspede, um dos artistas selecionados, para dar essa “palestra” da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos com um aspecto um pouco mais diferencial da que vão realizar no Projeto Portfólio, no dia 30 de maio. Sendo um grupo que trabalha a partir de projetos de arquitetura e urbanismo achamos que existem muitas possibilidades para conversar com o Hóspede sobre o assunto “projeto”. Comentamos o nosso interesse de acompanhar a montagem das obras de algum artista da Temporada de Projetos 2009. Como a próxima exposição já abre na semana que vem,  isso provalvelmente irá acontecer na última fase da Temporada, na qual irão participar o PINO, o Maurício Ianês, e o Michel Groisman. Voltando a questão das palestras e encontros, contamos na reunião que estamos desenvolvendo atividades interdisciplinares que envolvam as unidades da Universidade de São Paulo, considerando que o Paço das Artes está dentro dela – ainda que curiosamente bastante distante. Configura-se uma preocupação que gostaríamos de abordar numa tentativa de estreitar os laços.  A idéia então é convidar docentes de várias unidades para estabelecerem relações entre o tema da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos e suas respectivas áreas de pesquisa em pequenas aulas-palestras a ocorrerem ao longo  da exposição e no espaço expositivo. Acreditamos que esse estreitamento seria benéfico não só para oxigenar os debates que ocorrem dentro da área de artes visuais (ao apresentar, por exemplo, como se lida com a elaboração de projetos em outras áreas), mas também, no sentido inverso, esclarecer alguns modelos das artes visuais para as outras áreas (por exemplo, o fato de que, ao contrário do que se costuma pensar, muitos artistas operam hoje de modo muito similar ao do trabalho em outras área do conhecimento).  A equipe do Paço das Artes achou essa proposta bastante relevante, pois a integração com a Cidade Universitária por meio de temas que tangenciam as artes e as várias outras áreas vai ao encontro das intenções atuais da instituição. Em outro momento da reunião, falamos sobre o apoio de projetos na rede como o Fórum Permanente e o Canal Contemporâneo. O Canal Contemporâneo, sob a coordenação da Patrícia Canetti, exerce um papel de divulgação e arquivo dos editais de salões e prêmios na área de artes visuais e também teve um papel importante na discussão da função e atuação de tais salões e prêmios atualmente.
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Membranosa-entre (NBP), de Ricardo Basbaum

O artista Ricardo Basbaum abriu hoje uma nova exposição individual na galeria Luciana Brito, em São Paulo. Denominada membranosa-entre, a exposição faz parte do projeto NBP (Novas Bases para a Personalidade), e foi desenvolvida exclusivamente para o espaço da galeria.
membranosa-entre

a exposição "membranosa-entre (NBP), na Luciana Brito

Nós convidamos o Basbaum para participar como um dos palestrantes da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos, e na abertura da exposição conversamos muito rapidamente sobre a nossa proposta e sugerimos pensar o formato da palestra juntos. O nosso interesse é criar um pensamento-estrutura para algo que não se resuma à palestrante-microfone-mediador-platéia e sim algo que envolva o público (participante) dos encontros; um envolvimento que inclusive é pensado na exposição que estava sendo inaugurada. Ficamos de encontrar o Ricardo numa ocasião mais apropriada para falar sobre a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos e como ele irá atuar.
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Cildo

Poster do filme Cildo

Poster do filme Cildo

Dentro do Festival “É tudo verdade” de documentários, em São Paulo, foi exibido o filme “Cildo“, realizado por Gustavo Rosa de Moura sobre o trabalho do artista plástico brasileiro Cildo Meireles. Essencialmente o filme é constituído por entrevistas com o artista que formam monólogos nos quais ele apresenta seu próprio trabalho ou temas relacionados, entremeadas por imagens dos trabalhos em exposições recentes e da década de 70. Em um momento do filme, relevante para a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos, é perguntado ao Cildo se ele considera o projeto como obra e ele responde que não. O argumento principal do artista é que muitas vezes não é possível, por meio do projeto, perceber algumas características que, quando realizado, tornam-se importantes para o trabalho. O exemplo que ele cita é o papel desempenhado pelo som dos cacos de vidro no chão da instalação “Através“. Uma outra pergunta poderia ter sido feita ao Cildo, pensando mais no projeto não como obra, mas sim como etapa da obra tão importante quanto a realização. Algo que – por ter explicitado no próprio filme um desinteresse pelo artista como o sujeito que possui a habilidade técnica da criação – Cildo poderia dar uma resposta que se aprofundaria na temática do processo de execução de um trabalho a partir do projeto.
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Projeto Portfólio: primeiro encontro

O núcleo educativo do Paço das Artes organizou um encontro com os artistas que estão expondo na Temporada de Projetos 2009, Regina Parra, Claudio Matsuno, e Sérgio Bonilha e Luciana Ohira, para um bate-papo com educadores e interessados. O objetivo desse encontro, que faz parte do Projeto Portfólio, era que os artistas falassem sobre suas obras em exposição, mostrassem trabalhos anteriores, obras que considerassem referenciais e relatassem suas trajetórias e expectativas.
Clique na imagem para ver a galeria de fotos realizadas no Projeto Portfolio.

Clique na imagem para ver a galeria de fotos realizadas no Projeto Portfolio.

Às 15:20hs o Paço já estava com bastante gente que iria participar do encontro. Por causa da chuva forte que caiu em São Paulo nesse dia, muitas pessoas ficaram presas no trânsito e o evento acabou sendo atrasado em uma hora. Às 16h00 Regina Parra iniciou a sua apresentação. Começou contando a sua experiencia com teatro, quando aluna do curso de artes cenicas da ECA-USP e integrante do grupo do diretor Antunes Filho, o CPT. Ela comentou que foi no CPT que entrou em contato com muitos daqueles que considera referências suas hoje, como Godard, Tarkovski, Kazuo Ohno, Sokurov e Pina Bausch. Com o Antunes ela contou que aprendeu que “antes do ator, existe o homem”, ou seja, que “como artista não basta fazer uma coisa que não tem a ver com a vida, é preciso estar aberto para outras coisas”, disse. Regina foi morar no Rio de Janeiro, e enquanto trabalhava de garçonete fez cursos na Escola Parque da Lage. Voltando para São Paulo, trancou a faculdade de artes cênicas e ingressou no curso de artes plásticas da FAAP. Seus interesses no inicio eram o desenho, o vídeo e a fotografia. A pintura só lhe veio despertar o interesse a partir da sala do pintor alemão Luc Tuymans, na 26a Bienal de São Paulo, em 2004. Depois dessa influência ela contou como foi o processo da criação da sua primeira pintura, que surgiu a partir de uma fotografia. Segundo ela, a intenção foi partir da fotografia para a pintura para poder realçar características presentes na primeira através da segunda; mais precisamente, torná-la mais dramática. O resultado desse busca acabou sendo uma série de 12 pinturas realizadas a partir de fotografias de pessoas em frente à Igreja de Aparecida do Norte, com o qual ela ganhou o primeiro prêmio da 38a Anual de Artes da FAAP. Segundo a Regina, foi a partir desse prêmio que surgiu um convite para ser representada em uma galeria, o que ela considera a sua entrada no “circuito da arte”. Ela prosseguiu contando mais sobre as séries de pinturas que se seguiram, como “Vertigem”, na qual são pintadas pessoas em momentos de horror, mas sem que ele fique explícito, sempre pinturas advindas de fotos familiares, ou com uma aparência familiar, mas ao mesmo tempo ambígua. A série seguinte “Devir” trata de momentos em que algo conhecido vai acontecer, mas que não contém a informação do que  vai acontecer; segundo a Regina a busca seria então por esclarecer se a imagem já contém a tensão do fato que acontecerá ou se são os espectadores que imprimem essa tensão. A série seguinte, chamada “Controle”, utiliza imagens captadas por câmeras de vigilância. Novamente, segundo a Regina, a intenção era explorar a efemeridade das imagens descartáveis captadas por essas câmeras no processo de pintura à óleo. Além disso, existia ainda um interesse pelas imagens midiáticas (de uma grande coleção de recortes de jornais que ela mantém), já que as figuras da série “Controle” eram pessoas como a Princisa Diana e outras, em momentos antes de uma grande tragédia. Essa recorrência da tragédia a Regina atribuiu à sua formação no CPT e o interesse e estudo que lá existia pelas tragédias gregas. Finalmente, ela falou sobre “Mise-en-scène”, série de pinturas expostas no Paço. O processo se dá novamente pela utilização de imagens de câmeras de segurança, mas, dessa vez, são imagens capturadas por uma assistente quando a própria Regina entra em cena. A busca seria então por um momento de dúvida entre o que é encenado e o que é real. Ela terminou referenciando Arlindo Machado, que, segundo ela, diz que as imagens de câmeras de segurança criam automaticamente suspeitos e culpados, em imagens que estão em estado constante de alerta, onde, a todo momento, algo pode acontecer. Depois da fala da Regina, foi a vez de Claudio Matsuno mostrar trabalhos antigos. Ele começou com trabalhos de 1993, época em que estava na faculdade, que segundo ele eram trabalhos muito academicos que seguiam uma tradição da arte (exercicios de luz e sombra, cor, modelo vivo, releituras de obras, etc). “Durante a faculdade nunca tive experiencias de bienal”, afirmou. Segundo o artista, ele não tinha a intenção de ser artista, pensava em trabalhar com arte educação. Foi a partir de 1994, quando ele começou a frequentar mais o circuito artístico contemporaneo e ter contato com grupos como a Casa 7, que se interessou mais em atuar como artista. Com influencia da arte alemã tais grupos faziam uma pintura que era, segundo Matsuno, “meio suja”. Outro artista referencia para a formação de Matsuno foi o pintor espanhol Antoni Tapies que não tinha preocupação de esconder os erros. O erro, o improviso e a “tosquisse” se tornaram objetivos dos trabalhos de Matsuno. Da pintura, o artista tentou recuperar o habito do desenho: “e aí deu certo”. Mas afirmou a dificuldade e o seu desinteresse em decidir por um “estilo”, por uma linguagem específica. Outra comentário que o artista fez, foi em relação à sua prática de ateliê: “Muita gente acha que ateliê é coisa ultrapassada, mas eu não vejo nenhum problema.” Em 2003 Matsuno passou a ser representado pela galeria Leo Bahia, em Belo Horizonte. Realizou exposições no Centro Cultural São Paulo (2006), na galeria ACBEU, em Salvador 2007), entre outras. O artista disse que suas obras atuais não são trabalhos finais, e sim processos, em que “força” um diálogo de um trabalho para outro. Além disso, disse que nelas não existem questões filosóficas, um motivo pelo qual as faz, e sim questões plásticas, baseadas na busca pelo erro: “acerto quando eu erro”. E em relação à linguagem do desenho também afirmou: “não quero ser muito inovador. Não estou trabalhando com a novidade.” Já no final da sua apresentação, Claudio Matsuno falou sobre projeto e elaboração de seu trabalho: “não é o que você coloca no portfólio que é o que vai aparecer no trabalho – o espaço influencia muito.” Uma professora perguntou ao artista como ele, como professor de artes, trabalhava a questão do erro em sala de aula. Matsuno sugeriu ver o erro como processo do desenho. Já estava tarde e alguns grupos de pessoas que estavam no encontro tiveram que ir embora. Na fala do Sérgio Bonilha e da Luciana Ohira formou-se uma platéia menor que pode ficar mais próxima aos artistas e participar de uma conversa mais informal. A dupla iniciou contando experiencias anteriores ao ingresso no curso de Bacharelado em Multimídia e Intermídia da Faculdade de Artes Plásticas da ECA-USP: os dois falaram da importância da visita à museus de arte desde pequenos, a Luciana exibiu imagens que fez em laboratório fotográfico, e o Sérgio falou do seu contato com o grafitte, entre os seus 14 e 18 anos. Os dois se conheceram na faculdade e começaram a elaborar trabalhos juntos a partir de 2004, muitos deles surgiram desde de provocações dos editais. É o caso do 13° Salão Unama de Pequenos formatos, em que os artistas, instigados em saber o porquê e o como fazer um trabalho de pequena escala, criaram um museu em miniatura. Ainda sobre a faculdade, Bonilha afirmou ter obtido um suporte técnico-formal, “mas era um universo muito fechado, ficou a lacuna do homem”, completou. Foi somente por meio da experiência com a área da educação que teve contato com um questionamento mais profundo sobre o mundo e começou a ler autores como Foucault. Das referências artísticas, a dupla citou os artistas Guto Lacaz, que, segundo eles, tem um caráter generoso, humorístico e humano nos trabalhos, e os trabalhos de Pedro Paiva e João Maria Gusmão. Os dois comentaram um trabalho com lâmpadas queimadas que seriam transportadas por pelo menos 1000 km que já foi enviado para mais de 10 editais e nunca foi realizado. A partir desse trabalho falaram que existe uma plasticidade da arte póvera nos trabalhos que realizam, no interesse pelo uso materiais ordinários como as lâmpadas queimadas. Sobre projetos não realizados, Luciana e Sérgio citaram outro caso em que o projeto foi aprovado por um salão, mas os responsáveis pela mostra não conseguiram se organizar para que o projeto fosse executado. Sobre a elaboração de Projetos, os artistas costumavam a escrever textos de apresentação mais densos, com referências à história da arte, mais academicistas, com nota de rodapé, introdução e conclusão. “Usávamos palavras difíceis como ‘imanência’, afirmaram. Depois que eles conheceram o Lourival Batista, artista que entrou no Programa Rumos Itaú Cultural na edição de 2005-2006 e que usava uma linguagem muito mais coloquial para explicar seu trabalho, Luciana e Sérgio buscaram tornar os textos de seus projetos mais acessíveis e simpáticos. Para um trabalho enviado ao 12o Salão dos Novos de Joinville, em 2005, os artistas abriram um edital divulgado por um periódico local para recrutar obras em miniaturas para um pequeno museu de 1:100. Essa é uma idéia de um museu transportável. A obra ganhou o prêmio aquisitivo do Salão de Joinville, porém a aquisição regressou a expansão infinita originalmente planejada para o projeto. Segundo os artistas, os trabalhos que eles vêm desenvolvendo têm uma características de mostrar como funcionam, elaboram máquinas transparentes, seguindo a idéia da filosofia da caixa preta do Vilem Flusser. Luciana e Sérgio demostram uma constante preocupação com a relação com o público. Para uma exposição no Centro Universitário Maria Antônia, realizada pelo Programa Nascente (da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP), na ausência de um serviço educativo, os artistas distribuíram ao público cartões com o endereço de um website criado por eles, contendo informações sobre o trabalho exposto. Num outro contexto, no Centro Cultural São Paulo,  os artistas resolveram ampliar a proposta da exposição apresentando os desenhos prévios também utilizando os cartões e  o website. A conversa com o Sérgio e a Luciana só terminou porque o Paço das Artes tinha que fechar. Já havia passado das 19hs e o evento tinha durado aproximadamente 4 horas!
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