Arquivo da categoria "realização"

em: 26/08/2009

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Perguntas de parede

Fizemos um exercício registrando várias perguntas que gostaríamos que fossem o texto de parede da exposição. Resolvemos começar fazendo as perguntas mais ligadas à idéia de projeto e incluir as perguntas que nos motivaram a desenvolver a exposição. Tudo ainda muito cru.
nossas perguntas cortadas em tirinhas sobre a mesa

nossas perguntas cortadas em tirinhas sobre a mesa

O que é um projeto?

Porque fazer um projeto? O que se espera encontrar em um projeto? Qual o destino do projeto?

O que são e como são projetos artísticos? Um projeto artístico pode estar no lugar de uma obra? O projeto contém uma parte do processo criativo?

O que significa projeto em outras áreas?

Qual relação da elaboração de projetos com a prática artística? Como essa lógica determina um tipo de arte, privilegiando um tipo de produção? Porque instituições fazem programas que se realizam a partir de projetos?

Um projeto não aceito é um projeto que falha?

O que acontece com o projeto uma vez que o que projeta concretiza-se? Qual o lugar de um projeto que não foi realizado? O que ocorre, como transcorre o tempo entre a elaboração do projeto e a realização do que ele propõe?

Como instaurar um lugar político e não só mudar o formato expositivo? Uma exposição pode se configurar como pergunta e não resposta? Qual a diferença entre curadoria e seleção? Como se faz uma exposição? Como se faz uma curadoria?

em: 18/08/2009

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realização

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Folder 2 – o Folder

Recebemos o boneco digital de como será o folder da exposição. Ficamos bastante surpresos e satisfeitos com a a qualidade da solução para a diagramação dos elementos do folder, principalmente com a solução para a apresentação dos nomes dos participantes da exposição (que também servirá como guia para consulta aos projetos). Como a cor exata não estava à mão dos designers, o preto foi usado para dar uma idéia do preenchimento.
Folder Curadoria

Verso do folder. Clique na imagem para ampliar.

Folder curadoria

Frente do folder. Clique na imagem para ampliar.

Vimos alguns pequenos problemas, como a falta de indentação
Falta de indentação no primeiro parágrafo do folder

Falta de indentação no primeiro parágrafo do folder. Clique na imagem para ampliar.

e também um título do texto que virou parte dele
Inserção do título "A Exposição" no texto.

Inserção do título "A Exposição" no texto. Clique na imagem para ampliar.

Esses pequenos problemas foram corrigidos, exceto pelas inúmeras vírgulas inseridas pela revisão, sobre as quais optamos nem comentar com a equipe do Paço. A primeira alteração mais substancial que sugerimos foi a troca de uma das imagens que já aparecia em nosso projeto por uma foto da página do projeto em si onde a imagem aparece, ou seja:
Substituição de uma das imagens por fotografia do projeto.

Substituição de uma das imagens por fotografia do projeto. Clique na imagem para ampliar.

A intenção seria, com essa troca, evidenciar que a exposição trata dos projetos em si e das etapas de sua produção, formatação, apresentação e assim por diante. Pensávamos que, dessa forma, as imagens teriam um papel que vai além da mera ilustração. Mas,  de longe o mais importante, é o fato de que nossos nomes aparecem na capa, em um tamanho enorme, o que demonstra uma vaidade e culto a personalidade muito desproporcional ao que acreditaríamos que deveria ser dada aos ‘curadores’. Segundo a equipe do Paço, esse era o projeto gráfico original e ele apenas havia sido mantido (os designers que fizeram esse projeto já não trabalham mais com o Paço e quem faz as novas peças são outros designers, que seguem o projeto anterior). Pedimos e sugerimos que os nomes fossem trocados pelo nome da exposição, já que ainda que faça certo sentido colocar os nomes dos artistas da temporada assim em destaque (como indicava o projeto original) nos parece que no caso do projeto de exposição (ou curadoria) seria mais sensato que fosse indicado o nome da exposição selecionada (Temporada de Projetos na Temporada de Projetos). Se não por muitos outros motivos, pelo menos pelo fato de que são mais de 150 pessoas que participam da exposição e cujos nomes são tão importantes, se não mais, que os nossos.
Troca dos nomes dos curadores pelo nome da exposição.

Troca dos nomes dos curadores pelo nome da exposição. Clique na imagem para ampliar

Infelizmente nenhuma das duas propostas de alteração substancial foi aceita.
em: 03/08/2009

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Folder

Conforme planejávamos (e já nos havia sido pedido pela equipe do Paço), escrevemos o texto que estará no folder da Temporada de Projetos (que normalmente fica disponível para o público na entrada do Paço). Todos os folders da Temporada de Projetos 2009 foram desenhados de acordo com um projeto da ps.2 e seguem uma lógica que os conecta por um degradé de cores; isso não será diferente no caso da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos (do ponto de vista do design).
Página da PS.2 com descrição do projeto do folder

Página da ps.2 com descrição do projeto do folder. Clique na imagem para visitar o site.

Ao contrário do que aconteceu com os artistas que expõem obras, preferimos escrever nós mesmos o texto do folder e não deixá-lo para ser escrito por um crítico como vinha acontecendo com os artistas. A intenção de nosso texto foi uma apresentação bastante breve e concisa da exposição (principalmente tendo em vista o limite de 3600 toques para o tamanho do texto), visando possibilitar a aproximação inicial de uma vasta gama de público. Por isso mesmo deixamos de lado a “mostarda dos conceitos que regem/motivam/informam/inquietam a curadoria, cuja inclusão necessariamente obrigaria transformar o texto em algo muito hermético. Além do texto abaixo, o folder deverá conter também uma lista com os nomes do artistas que expõem seus projetos.
Em “The Loneliness of the Project“, Boris Groys defende que a formulação de uma grande variedade de projetos se tornou a maior preocupação do homem contemporâneo. Segundo ele, “nos dias de hoje qualquer que seja o objetivo que se queira perseguir no campo econômico, político ou cultural, é necessário primeiro formular um projeto adequado para submetê-lo para aprovação ou financiamento oficial de uma ou várias autoridades públicas”.[1] Groys também afirma que Hegel já apontava a origem da necessidade de elaborar projetos como uma característica de todas as sociedades pós-revolucionárias pelo fato de que “prescrevem objetivos racionais, procedimentos e estratégias aos seus membros, e exigem deles explicações, justificativas e planos precisos”.[2] Dentro do campo das artes visuais ocorre exatamente o mesmo. Em momentos variados, como por exemplo para a produção de uma exposição, criação de um museu ou centro cultural e mesmo para o desenvolvimento de uma obra de arte, é imprescindível a elaboração de um projeto. Na maioria das vezes este projeto é formatado e re-formatado para ser apresentado em vários contextos institucionais que exigem determinados padrões para que uma avaliação seja possível dentro de seus programas periódicos que convocam o envio de projetos artísticos. Dentro do Paço das Artes, a “Temporada de Projetos” desempenha esse papel. Desde 1999 convoca, por meio de edital público, artistas de todo o país a enviarem seus projetos para que sejam realizados na instituição. Como em tantos outros programas deste tipo, também na “Temporada de Projetos” é inacessível ao público a origem das obras apresentadas, ou seja, a etapa inicial da produção artística (projeto) costuma ser velada já que as obras de arte geralmente são apresentadas como um produto acabado.

A exposição

“Temporada de Projetos na Temporada de Projetos” pretende estabelecer uma rede de reflexões sobre processos artísticos e curatoriais e oferecer um espaço de debate por meio das seguintes propostas:
  • Uma exposição de projetos na qual todos os 322 artistas e curadores que enviaram projetos para o “Edital Temporada de Projetos 2009” do Paço das Artes foram convidados a participar, independente do resultado da seleção. Desses 322 inscritos, participam da exposição cerca de 150 projetos.[3]
  • Realização de atividades por meio das quais pretende-se esclarecer, ampliar e aprofundar os temas sugeridos pela apresentação dos projetos. São oficinas e palestras que acontecem no espaço expositivo e cujos formatos são repensados junto com cada um dos convidados para ministrá-las. Como parte dessas atividades está prevista uma série de encontros com docentes de diversas unidades da Universidade de São Paulo, convidados para apresentar e refletir sobre a noção de projeto em suas respectivas áreas de conhecimento, contribuindo assim para o debate na área de artes.
  • A criação e manutenção do website http://projetosnatemporada.org, onde são documentados os processos de desenvolvimento das propostas anteriores. Outros recursos da internet como Twitter, Facebook, del.icio.us e listas de discussão também são utilizados para divulgação, relatos, registros, referências e debates.

Notas

[1] – GROYS, Boris. “The Loneliness of the Project”. In: WOENSEL, Jan Van (Ed.) “New York Magazine of Contemporary Art and Theory”, Issue 1.1, 2002. Disponível em: www.ny-magazine.org/PDF/Issue%201.1.%20Boris%20Groys.pdf [2] – GROYS, Boris. “The Mimesis of Thinking”. In: DE SALVO, Donna (Ed.) “Open Systems”, Tate, 2005. [3] – Dentre os 172 restantes, 61 recusaram o convite para participar, 89 não se manifestaram e 22 não enviaram a documentação necessária para efetivar sua participação apesar de terem demonstrado interesse na exposição.

Expedição com Álvaro Razuk

Tivemos um encontro com a equipe do Paço das Artes, incluindo um novo produtor, o Maikon Rangel, e o Álvaro Razuk, arquiteto de exposições, para conversar mais uma vez sobre a expografia. Como o nosso orçamento é limitado, fizemos uma “expedição” pelos depósitos do Paço das Artes para verificar se existem materiais que podemos re-utilizar. No meio de inúmeros objetos inutilizáveis — como cadeiras quebradas, pedaços de madeira, e outras sobras de  exposições que não podem ser jogadas fora — identificamos algumas coisas que podem vir a ser parte do espaço expositivo da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos:
  • 25 cadeiras de plástico
  • 4 mesas pentagonais
  • 1 tampo de mesa
  • 4 “puffs”
  • carpete azul e marrom
  • 1 poltrona com dois braços
  • 1 poltrona sem braço
  • 2 poltronas com um braço só
  • bancos de madeira
  • 1 sofá
A partir dessa “expedição”, o Álvaro ficou de nos fazer uma proposta para uma exposição com 300 projetos e encontros presenciais (considerando um público formado por 30 a 50 pessoas).
Sofá encontrado

Sofá encontrado

Poltrona encontrada

Poltrona encontrada

em: 13/05/2009

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encontro, realização

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Encontro com Ricardo Basbaum

Formato ‘palestra’ Começamos, como sempre fazemos, explicando o projeto, suas origens e objetivos. Como estavamos fazendo um convite ao Basbaum para que participasse da plataforma que chamamos de “palestras”, tentamos explicar que usamos esse nome apenas por falta de um nome melhor. Isso pois nos interessa pensar o formato desse tipo de comunicação, o que significa que pedimos aos convidados que reflitam sobre ele também e tragam propostas de como abordá-lo que se adequem o quanto melhor aos seus próprios perfis. Qualquer que seja a escolha de formato, a única coisa que deixamos claro que não teremos são ‘leituras de textos’ realizadas pelos palestrantes, o que costuma acontecer muito em seminários e simpósios. Estamos pedindo aos convidados que escrevam textos, mas para que sejam publicados no site antes que o encontro aconteça, com o intuito de que o encontro já possa partir do texto e começar com a discussão que costuma acontecer após a leitura. Outro padrão que gostaríamos de evitar é o da organização palco-platéia, no qual a quem fala lhe é instituído o ‘direito de falar’ por meio de uma hierarquia definida pelas condições físicas (palco, stand, etc.) ou a posse de um determinado equipamento (o microfone, a câmera, etc.). Basbaum se mostrou muito interessado nessa abertura e contou sobre suas experiências anteriores em explorações de formatos, para os quais Vito Acconci e John Cage foram referências. Numa, em um evento em Belo Horizonte, ele realizou uma apresentação na qual praticava alternadamente duas falas diferentes, sendo uma em uma mesa em um tom e outra, numa mesa ao lado, em outro tom; numa ele comentava informalmente alguns trabalhos seus e em outra lia alguns de seus textos. Ele também se interessou em explorar configurações espaciais, com demarcações no chão ou mesmo por meio da organização das cadeiras. De qualquer forma, lhe interessaria que essas demarcações não inibissem a fala dos outros, não fossem mirabolantes, pelo contrário, lhe interessa criar uma proximidade e informalidade do contato. Outras possibilidades levantadas foram a de ter textos enunciados por outras vozes e também utilizar recursos de sonorização como tipos diferentes de microfone, terminar com o texto ao invés de começar com ele, ou mesmo determinar uma organização espacial com a presença de mais de um microfone. De qualquer forma Basbaum se mostrou bastante interessado pela possibilidade de mostrar algo num evento cujo formato é maleável, para o qual o convite de participar vai além de um interesse no texto do participante ao considerar também o modo da fala. Artista-etc. Conversamos um pouco também sobre o conceito de artista-etc. Basbaum nos esclareceu que essa idéia não pretende sugerir que o artista possa ser um “multi-profissional”, ou seja alguém que transita por várias práticas de forma desligada. Pelo contrário, para ele o artista-etc é uma estratégia adotada pelo artista, que, na condição de artista, assume outros papéis e demarca dentro deles qual é o lugar do artista (que não se limita ao ateliê, por exemplo). De uma maneira mais genérica, isso é dizer que ser artista é suficiente para poder desempenhar qualquer outro papel, pois o artista tem flexibilidade para atuar no processo que quiser, já que seu lugar dá conta de todos eles. Segundo Basbaum há cinco textos seus que dão corpo ao conceito de artista-etc e formam um conjuto de pensamento sobre o assunto: 1 – Seminário na 27ª Bienal de São Paulo, sobre o artista belga Marcel Broothaers. 2 – “Artista como curador”, texto publicado no catálogo do Panorama do MAM de 2001. 3 – “E agora?”, texto publicado na revista Arte & Ensaio, n. 9, de 2002, que fala sobre a revista Item e o espaço Agora. 4 – Um depoimento seu em um evento no CEIA em Belo Horizonte, disponível aqui. 5 – Texto da “The Next Documenta Should be Curated by an Artist“. NBP Quando falamos sobre o NBP, Basbaum deixou claro que se trata de um projeto. Como a idéia se expressa, de um modo ou de outro, há mais de 20 anos em vários de seus trabalhos, o todo forma um grande processo no qual um trabalho se alimenta no anterior e cresce na medida em que novas explorações são realizadas. Além de ser um grande projeto é também um projeto que não tem fim. Comentamos que isso gera, para o público, uma carência de informação (o conhecimento de todo esse processo). Basbaum replicou dizendo que não acredita que seja ele que tenha que prover essa informação, já que esse tipo de lacuna é estrutural, não está só no trabalho dele e também faria (e faz) com que uma determinada produção não possa caminhar, o que significa que se for internalizada obriga a produção a estar sempre na estaca zero, e por isso mesmo tem que ser superada (para que a produção se desenvolva). Sobre a sua exposição na galeria Luciana Brito, Basbaum contou que seu trabalho sempre foi muito independente das galerias, mas que isso nunca foi uma escolha ou posicionamento ideológico seu, aconteceu simplesmente pois não existia interesse em seu trabalho por parte dos galeristas e ele não se sentia na obrigação de formatar sua produção para que eles se interessassem, já que conseguia a relação com as pessoas que se bastavam (em projetos como “eu-você”). Sua maneira de trabalhar já se configurava distante do mercado desde a década de 80, quando ele fazia um trabalho que diferia muito do mainstream da época (i.e. a pintura, que ainda é considerada por muitos como a única produção de então) e quando, segundo ele, o mercado era muito agressivo e tacanho.
Joaquin Torres García - América invertida

Joaquin Torres García - "América invertida"

Imagem para o SITAC 2009, criado por Ricardo Basbaum

Imagem para o SITAC 2009, criado por Ricardo Basbaum

Nesse ponto, ele mencionou sobre a sua relação com os profissionais de outros países, fora do Brasil, com os quais, por motivos que ele disse desconhecer, já conseguiu desenvolver vários projetos. Basbaum mencionou o simpósio SITAC 2009, “South, south, south, south”, para o qual Cuauhtemoc Medina o convidou para criar um diagrama para ser um emblema do evento. O diagrama tomaria como referência o mapa de Torres García e representaria o pensamento do evento. Segundo Basbaum até o próprio Medina se espantou quando soube que era a primeira vez que ele era convidado para uma contribuição desse tipo, algo que Basbaum tentou explicar dizendo que os olhares de fora são mais generosos e possibilitam outras oportunidades, sem a tendência de cristalizar uma determinada posição para que os profissionais ocupem, como ocorre na origem onde se assume uma prática (o lugar onde se vive). Basbaum também comentou sobre as diferenças no tempo de retorno para os trabalhos. Segundo ele há no Brasil uma latência muito grande, uma demora entre o momento em que uma obra é realizada (apresentada) e o momento em que ela gera alguma resposta, recebe um retorno. Essa latência não existe na Europa ou nos EUA, o que torna o trabalho no Brasil muito cruel em relação ao que é realizado lá onde o tempo é diferente e as coisas se realizam de modo mais direto. No Brasil é necessário aprender a ser artista e trabalhar num nível muito alto de abstração, lidar sempre com a possibilidade de frustração e evitar ao máximo criar um rancor em relação a tudo o que se espera (das obras, dos pares, do meio, etc.) e ter consciência que as estruturas existentes não dão conta de absorver (ou demandar) a produção, não é suficiente atuar somente no mercado, na galeria. Esse modo de trabalhar muitas vezes não é compreendido por quem vive e atua no eixo EUA-Europa. Economia de projetos Mesmo com as experiências no Brasil e no exterior, Basbaum comentou que existe, de um modo geral, uma economia de projetos que alimenta o circuito hoje, como uma espécie de mais-valia imaterial por meio da qual as instituições se alimentam da promessa de que os artistas trabalham de graça. Ele chamou a atenção para que comparemos a economia da arte contemporânea com a do cinema ou a da música popular, vendo que a da arte é muito estranha e arcaica, sendo muito complicada de lidar ou mesmo intervir. Ele comentou três casos pessoais específicos: o da Documenta de Kassel, o da sua relação com a galeria e o de sua participação em um evento de palestras dentro de uma instituição que funciona com dinheiro da iniciativa privada (uma grande empresa). No primeiro caso, o da Documenta, o espantoso é que não há cachê para os artistas participantes. O que acontece é que a cidade ganha com o turismo, o comércio ganha com o aumento das vendas e assim por diante. Mas às pessoas que impulsionam tudo aquilo se dá só a subsistência (passagens de avião, hospedagem). No segundo caso, só se ganha quando há venda. Mesmo assim existe toda uma economia que gira em torno da produção e apresentação da obra e para a qual não há acesso do artista se a venda não se efetivar. Os montadores ganham, os administradores da galeria ganham, secretários e secretárias ganham, quem aplica o vinil na parede ganha, até os garçons que servem bebidas na vernissage e os fotógrafos ganham. Mas o artista vive na promessa da venda, trabalha de graça e sem nenhuma remuneração pelo trabalho já feito. Finalmente, no último caso, há uma pequena remuneração, mas acontece que a contrapartida para quem investe é imediata e muito poderosa, um ganho em imagem (propaganda). Segundo ele, havia muitas pessoas no evento, que era gratuito para o público, além de toda a divulgação na imprensa e qualquer futura referência que se faça a ele, já que todo o material ligado a ele (distribuido gratuitamente) carregará a marca do patrocinador. Basbaum comentou que até pensou em contratar um economista para calcular qual o ganho de imagem que um investidor ganha em um evento desses e quanto de lucro uma ação como essa representa em relação a um outro tipo de investimento em imagem (numa ação como a publicidade tradicional, por exemplo). Para concluir este post, aqui está um texto ilustrativo que a artista Lenora de Barros nos enviou (não sabemos a origem exata, mas pode ser encontrado aqui):

“De qué viven los artistas?

Toda exposición de carácter institucional se organiza en torno a la obra realizada por un artista. En su organización participa toda una serie de personas necesarias para llevarla a cabo: transportistas, montadores, seguridad… pero:

¿Cobra el transportista? SÍ ¿Cobra el montador? SÍ ¿Cobra el vigilante? SÍ ¿Cobra el artista? NO

El trabajo de los artistas no se remunera porque se considera que su participación en la exposición contribuirá notablemente a su promoción, pero también se promocionan los comisarios, diseñadores y sobre todo la propia institución. Pero:

¿Cobra el comisario? SÍ ¿Cobra el diseñador? SÍ ¿Cobra el funcionario? SÍ ¿Cobra el artista? NO

Un artista, mediante su participación en una exposición institucional, contribuye con su trabajo a construir políticas culturales, igual que el catedrático contribuye a crear políticas educativas, el médico de la Seguridad Social sanitarias o el inspector de hacienda económicas, pero:

¿Cobra el catedrático? SÍ ¿Cobra el médico? SÍ ¿Cobra el inspector? SÍ ¿Cobra el artista? NO

Luego entonces… ¿De qué viven los artistas?”

Sobre a ‘autorização de uso’

Desde o início da realização da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos, sabíamos que haveria necessidade de uma ‘autorização de uso‘ para a exposição dos projetos dos artistas. Tal autorização deveria ser elaborada junto à assessoria jurídica do Paço das Artes. Em março de 2009, a primeira versão dessa autorização nos foi enviada como uma adaptação do termo de uso de obra para as exposições que ocorrem no Paço das Artes. A obra, no caso da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos, seria o projeto. Tivemos um problema na formatação dessa primeira versão. Era incompreensível onde o artista convidado deveria preencher os seus dados. Nos foi enviada assim:
LICENCIANTE: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (em artes: xxxxxxxx xxxxxxx), (estado civil), (profissão), portador da cédula de identidade RG nº ____________ e inscrito no CPF/MF sob o nº ______________, residente e domiciliado na (endereço completo).
Pedimos para a Nathalia Meyer, da equipe de produção do Paço, alterar tal formatação e uma reunião com o advogado do Paço das Artes, o Abraão Mafra, foi necessária. O Abraão afirmou que a versão que nos foi enviada era uma versão muito antiga de termo de uso de obra, e que o termo utilizado hoje tem a formatação como nós gostaríamos:
Nome(“LICENCIANTE”):………………………………. RG:……………………………CPF/MF:………………….

Endereço:………………………………………………….

Telefone:…………………………………………………..

O problema foi que mesmo após a reunião que tivemos com o Abraão tivemos que esperar mais alguns dias, por conta dos feriados de abril, para ter uma segunda versão. E essa segunda versão também veio com alguns problemas, pois se referia a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos como uma “instalação fotográfica” ao invés de uma curadoria.  Enfim, dia 5 de maio conseguimos fazer todas as adaptções necessárias e dia 6 de maio enviamos a todos os artistas inscritos no Edital Temporada de Projetos 2009, menos aqueles que já haviam recusado o convite. Demos o prazo para receber todas as autorizações até 8 de junho. E ficamos esperando!