24/01/2009

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Encontro com Boris Groys

Fotografia de um poste em Karlsruhe com poster da exposição "Medium Religion" ao lado de poster de feira erótica.

Fotografia de um poste em Karlsruhe com poster da exposição "Medium Religion" ao lado de poster de feira erótica.

Fomos ao ZKM (Zentrum für Kunst und Medientechnologie), em Karlshure, Alemanha, onde ocorria uma exposição organizada pelo curador, crítico e filósofo alemão Boris Groys, chamada “Medium Religium“. A exposição foi inspirada em um vídeo realizado pelo Groys, também chamado “Medium Religium”, que se encontrava exposto entre as obras. Usando exemplos de vídeos de propaganda religiosa e de trabalhos de artistas contemporâneos a exposição busca demonstrar o aspecto midiático das diversas religiões existentes hoje. Fizemos uma visita rápida à exposição pois havíamos marcado um encontro com o Professor Groys e chegaríamos atrasados se tivéssemos visto tudo com calma. No lobby central do ZKM, as 15h00 de um sábado, encontramos com o Professor Groys. De porte grande, olhos azuis, cabelos grisalhos suavemente arrumados em um topete, e vestindo um blazer sobre uma camisa. Logo ao nos conhecer a reação foi de surpresa, provavelmente ao ver que somos realmente jovens, já que foi a primeira vez que nos vimos e talvez ele estivesse esperando curadores, digamos, mais “curadores”. Depois de uma breve apresentação, ele nos convidou — e aceitamos — para uma visita à exposição. A atendente da bilheteria nos devolveu os €uros que havíamos pago para ver a exposição pela primeira vez e nós seguimos o Professor Groys. No caminho para a exposição, pelos longos e espaçosos corredores do ZKM, ele nos contou sobre a origem do ZKM, em 1989, onde ele também é professor. Na visita — ele foi nos guiando começando pelo o que ainda não havíamos visto — Groys comentou os trabalhos que achava mais relevantes. Nos contou um pouco sobre o processo da seleção dos trabalhos, que havia começado há muitos anos quando ele trabalhava numa instituição em Israel. Ele também comentou sobre o largo escopo de participantes da exposição, que incluía não só trabalhos de artistas de renome internacional, mas também um seu, de outros intelectuais, de alguns de seus estudantes e também de “não”-artistas. Ficamos surpresos em saber que foi nessa exposição que o artista Gregor Schneider teria a oportunidade e apoio legal para executar o trabalho em que um voluntário morreria na exposição, mas Schneider acabou entrando na seção de documentação da exposição com outro projeto. Após a visita à exposição sentamos com o Groys para tomar um café e conversar sobre a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos. Já que ele confessou não ter lido a versão em inglês que lhe enviáramos por email há alguns dias, contamos detalhadamente o projeto. Ele ficou interessado e disse que havia escrito um texto sobre a elaboração de projetos que ele imaginava se relacionaria muito bem com a nossa proposta. Um dos primeiros comentários sobre nossa proposta que ele esboçou foi um aspecto que ele chamou de “crueldade” da nossa parte, já que não deixaríamos os artistas “perderem” aquilo que queriam, estaríamos negamos o direito dos artistas de “falharem”. Lembrou-se de uma pesquisa de opinião pública na qual norte-americanos de classes baixas recusavam uma proposta da então candidata a presidente Hillary Clinton segundo a qual os cidadãos mais abastados pagariam mais impostos para serem revertidos em planos de saúde aos mais pobres. De acordo com Groys, a pesquisa apontava que as classes mais baixas, numa curiosa inversão, recusava a proposta ao considerar um cenário hipotético em que eles se tornassem mais ricos e então tivessem que pagar aos membros de sua classe anterior. A questão se torna complexa pois de uma projeção futura irreal surge um descontentamento com uma situação presente e real. Dentro desse contexto, Groys levantou a possibilidade de algumas recusas a participação na Temporada de Projetos na Temporada de Projetos se darem pelo desconforto que um aceite poderia gerar nos artistas selecionados. Em seguida, sobre a idéia do fracasso, afirmou que acredita que o projeto que falha pode ser até mais interessante que o projeto realizado, pois quando realizado o processo acaba e é “engolido” pelo produto, resume-se apenas ao produto final. O projeto que falha, segundo ele, tem o valor do processo (coisa que realmente sobra). Complementou dizendo ainda que a vida das pessoas é um projeto que falha, pois ela termina na morte, e assim deveríamos pensar a vida como processo e não como os produtos gerados por ela*. Citamos algumas reações que apareceram ao projeto por parte dos artistas convidados para participar da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos e ele sugeriu que publicássemos nosso diálogo com esses artistas pois seria um material muito rico para entender o processo. Após falarmos desse que acreditamos ser o modelo de produção artística brasileira, mediado por salões de arte, Groys nos falou da situação dominante nos EUA e da Europa, onde os artistas tomam uma de duas direções — ou seguem um de dois modelos — básicas e bem contrastantes: o mercado de arte (venda de obras, muito mais freqüente nos EUA) e o “scholarship” (sistema de bolsas, residências, e outros tipos de incentivos para formação). Quando falamos da intenção de realizar encontros dentro da exposição e, através deles, explorar formatos diferentes de palestras Groys comentou sobre a sua pesquisa nessa área e compartilhou o nosso descontentamento com esse formato fechado e difundido palestrante-microfone-mediador-público. Por fim, o Groys sugeriu que falássemos com Anton Vidokle, já que ele também se interessaria muito pelo nosso projeto. No dia seguinte Groys nos enviou um texto bastante reflexivo sobre a vida entre projetos: “The loneliness of the project”. [*] – Groys nos presenteou com o vídeo de sua autoria “Thinking in Loop” que busca pensar o filme como mídia. Uma das questões interessantes que ele trata é a relação com a noção de imortalidade, afirmando que as pessoas planejam (projetam) suas vidas para deixarem um legado após a morte; e também que a vida dos objetos de arte dentro dos museus é uma vida após a morte.
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19/12/2008

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Divulgação no Canal Contemporâneo

O Canal Contemporâneo divulgou os selecionados da Temporada de Projetos 2009 do Paço das Artes. O nome do Roberto saiu em algum momento como “Walter Rogério Winter”! Logo após a divulgação o Roberto fez um convite para todos visitarem o website do Temporada de Projetos na Temporada de Projetos em uma postagem de comentário no Canal. O comentário acabou não sendo postado pela equipe do Canal e um outro comentário pouco convidativo à reflexão crítica foi publicado:
usuario (julio): Esta proposta de curadoria selecionada ao paço das artes é um absurso completo. A curadoria pela curadoria, uma proposta irônica e vazia, que servirá apenas para gerar polêmicas. Chega disso. Queremos propostas coerentes, trabalhos! e não brincadeiras no circuito. Vamos tomar uma atitude critica e não participar desta mediocre curadoria “Temporada de Projetos na Temporada de Projetos”. Estas pessoas querem se promover a partir de trabalhos alheios, num momento de crise que passamos, a bienal e etc…. não deixem isso passar. vamos falar… FORA! PARA Temporada de Projetos na Temporada de Projetos
Após um contato com a equipe do Canal, o comentário original do Roberto foi publicado (bem como uma segunda tentativa, realizada após o comentário do “julio”).
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14/12/2008

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Dados vão para o sistema

Captura de tela mostrando uma das páginas do sistema de gerenciamento de contatos da "Temporada de Projetos na Temporada de Projetos"

Captura de tela mostrando uma das páginas do sistema de gerenciamento de contatos da "Temporada de Projetos na Temporada de Projetos"

Após três dias de trabalho, finalmente chega a hora da última etapa da criação do sistema para gerenciar os contatos da Temporada de Projetos na Temporada de Projetos. Tratava-se de extrair todos os dados da planilha e colocá-los no sistema. A princípio é uma tarefa simples, que consiste em “exportar” a planilha e depois “importá-la” no mySQL. No entanto alguns percalços ocorrem, principalmente pelo fato de que nossos dados conterem caracteres “especiais” como acentos, cedilhas, etc. Um pouco de expressões regulares de perl e depois várias tentativas, em quatro horas os os dados estavam prontos para serem colocados no banco.
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13/12/2008

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Criação do sistema de contatos

Com o código base cedido pelo Fernando Freire, as adaptações para a criação do nosso sistema específico foram mais ou menos fáceis. Na realidade o que tomou mais tempo foi entender exatamente como funcionava o sistema criado por ele. Feito isso, o sistema foi adaptado às nossas necessidades com pequenas modificações, especialmente nas partes referentes ao modelo (criação dos campos) e às possibilidades de edição dos dados (para uma manipulação mais simples). A parte que mais interessava era a possibilidade de manter centralizadas e atualizadas o estado de cada um dos convidados, ou seja, se ele já havia respondido o convite e qual havia sido a resposta. Além disso, interessava possuir algumas estatísticas automatizadas simples sobre o estado geral das respostas (total de afirmativas, total de pendências, etc). Esse processo de adaptação para nossas necessidades acabou tomando um dia inteiro de trabalho e, quando ele foi dado por acabado, tínhamos um esqueleto bastante funcional sobre o qual poderíamos colocar todos os nossos dados.
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12/12/2008

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Sobre um sistema para gerenciar contatos

Já quando a equipe do Paço nos deu a planilha com os contatos dos inscritos na Temporada de Projetos surgiu a idéia de transformá-la em algo um pouco mais parecido com um banco de dados de verdade. Afinal, uma planilha é, possivelmente, a ferramenta menos indicada para gerenciar contatos — ainda mais quando esse gerenciamento é realizado por mais de uma pessoa. Por falta de tempo isso não aconteceu muito cedo, mas apenas algum tempo depois de ter começado a lidar com e registrar as respostas dos artistas que convidamos para a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos ficou claro que seria impossível utilizar uma planilha para manter atualizadas as informações sobre os artistas. O primeiro passo então foi a busca por um sistema de gerenciamento de contatos que fosse inteiramente “FLOSS” e muito simples, para que fosse muito fácil adicionar e remover campos para fosse possível adaptá-lo facilmente às características específicas dos campos dos dados já possuíamos e também imaginávamos ter em breve. No entanto essa busca não foi muito frutífera, já que as soluções existentes eram ou muito específicas (gerenciamento de pacientes de odontologistas, com opções como a posição de dentes cariados, etc.) ou muito genéricas e complexas (gerenciamento de dados em geral, sistemas muito grandes e de difícil instalação e manutenção). Dentro desse panorama de possibilidades, a opção de criar uma solução totalmente nossa passou a se tornar mais palpável e real. Entre as vantagens estariam um sistema totalmente controlado e que não tivesse partes inúteis para as nossas necessidades. Mesmo assim, fazer um sistema desses do zero poderia nos custar mais tempo do que dispúnhamos. Foi então que, numa conversa com Fernando Freire, ele sugeriu que utilizássemos um “scaffold” que ele próprio já havia criado, usando PHP, smarty e mySQL, exatamente para casos como o nosso em que era necessário um banco de dados prático, flexível e de fácil criação e manutenção. Foi exatamente o que fizemos.
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Primeiro contato com inscritos

O website e as cartas-convite já estavam prontos para serem disparados por nós assim que o Paço das Artes enviasse as cartas de agradecimento aos inscritos junto com a autorização para participar do nosso projeto. Na quinta feira, dia 11 de Dezembro de 2008, às 11:29hs, recebemos a primeira autorização. Surpresos, pois não nos havia sido avisado que as cartas tinham sido disparadas, começamos a receber muitas autorizações e alguns telefonemas. Alguns artistas elogiaram o projeto, afirmando que ele dá “a oportunidade a todos de mostrarem parte de seu trabalho”, ou que “possibilita um debate mais profundo sobre este modelo de editais que está em vigor em todo o Brasil”. Outros foram muito objetivos, enviaram a autorização diretamente, sem perguntas ou comentários. Do mesmo modo, alguns poucos também recusaram economizando palavras: “Ola, não tenho interesse de receber emails e participar dos projetos. Obrigado.”. Recebemos um telefonema de uma pessoa que não havia entendido muito bem a proposta, achava que estávamos nos disponibilizando a realizar de alguma maneira o projeto dela e já trouxe, diretamente, dúvidas quanto a essa realização. Algo que já imaginávamos que ia ocorrer, esclarecemos conforme necessário cada caso, explicando e re-explicando o projeto a cada um dos convidados. Recebemos também um email de um artista que questionava nossa proposta e recusou participar dela. Não ficou claro o porquê da recusa nem o questionamento da proposta. Ele sugeriu educadamente que conhecêssemos o trabalho “cura-dor“, do Grupo Aleph que, segundo ele, seria um projeto semelhante e que realmente não conhecíamos. O mesmo artista enviou um email diferente à equipe de produção do Paço das Artes e também à diretora Daniela Bousso. Nesse outro email, afirmou que o Grupo Aleph já havia realizado a mesma proposta no ano 2000 com o projeto “o cura-dor”, e que, assim, a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos não era um projeto inédito e por isso não estava de acordo com as exigências do edital do Paço das Artes, portanto, um projeto que não era válido:  “acho q a busca do novo não é o fundamental em arte, mas, na minha opinião, isso é repetição mesmo… pra não usar outra palavra mais feinha…”, afirmava ele no e-mail. Ficamos bastante surpresos com a reação do artista. Primeiro, pela exigência dessa originalidade. Se ele viu semelhanças com projeto em que ele realizou com o Grupo Aleph, não deveria isso ser motivo para trocas? E até mesmo pensar: quase 10 anos depois do trabalho do Grupo, será que nada mudou na maneira de se relacionar com a prática de elaboração de projetos e com o modelo dos salões de arte ainda tão presente na produção artística brasileira? Em segundo lugar, vimos muitas diferenças entre “cura-dor” e a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos . Enquanto “cura-dor” (como o próprio nome indica) se propunha a opor os trabalhos selecionados aos não selecionados (se aproximando, segundo eles mesmos, do “Salão dos Excluídos de Paris”), a nossa intenção é pensar os projetos mesmo (daí, inclusive o nome Temporada da Projetos na Temporada de Projetos e também o convite a todos os inscritos no edital do Paço, quer tenham sido selecionados ou não). Outra diferença bastante notável é que o “cura-dor” se resumia a somente expor os projetos não-selecionados enquanto que para a Temporada de Projetos na Temporada de Projetos planejamos uma série de atividades de suporte que possam efetivar e aprofundar os debates propostos. Para outro artista que recusou participar do projeto perguntamos o motivo. Ele nos respondeu que o projeto dele foi “idealizado com a exclusiva finalidade de ser submetido à seleção para uma exposição no Paço das Artes”. Recebemos também alguns emails que continham a autorização não assinada. Por fim, tivemos um número muito grande de emails que foram devolvidos por terem sido enviados ao um endereço incorreto. Com todo o movimento, decidimos passar a tarde no Paço das artes para facilitar os contatos, atender o telefone, e reunir os emails que chegavam para a equipe do Paço e para nós.
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